por João Pereira Coutinho
Passei meus últimos dias com a cabeça mergulhada no Brasil. As eleições, sim, as eleições: na TV ou nos jornais portugueses, a minha tarefa era explicar aos patrícios o que sucedia desse lado do Atlântico. Li muito. Escutei bastante. Perguntei idem.
Mas de tudo que li, escutei ou aprendi, nada me perturbou tanto como saber que Lula deixa o Palácio do Planalto com 82% de aprovação popular.
Minto: o que me impressiona não são os 82%; o que me impressiona são os 3% de brasileiros que desaprovam o governo Lula e que não embarcam no entusiasmo geral. Como são solitários esses 3%! E como são heroicos! É preciso coragem, e uma dose invulgar de realismo e sensatez, para não ser atropelado pela multidão desgovernada. Quem serão esses 3%? Gostaria de os conhecer, de os convidar para minha casa, de beber com eles à liberdade e à democracia. Vou repetir, quase com lágrimas nos olhos: 3%!
Não nego: Lula teve méritos econômicos evidentes. Arrancar 20 milhões da pobreza não é tarefa insignificante; e ter um país com crescimentos anuais de 6% ou 7%, enfim, uma miragem para quem vive na Europa. Se o Banco Mundial acredita que o Brasil será a 5ª economia do mundo no espaço de uma geração (obrigado, "The Economist"), Lula teve um papel nesse caminho. Mesmo que o caminho tenha sido preparado por Fernando Henrique Cardoso.
Mas quando penso nos solitários 3% que desaprovam Lula; quando penso nessa gente residual, marginal, divinal, penso em todos os casos de corrupção que abalaram os governos petistas e que seriam intoleráveis em qualquer país civilizado do mundo. Penso nos ataques e nos insultos que Lula desferiu contra a imprensa mais crítica. Penso na forma como Lula usou o seu cargo para, violando todas as leis eleitorais (e do mero decoro democrático), eleger Dilma Rousseff. E penso, claro, na política externa de Lula.
Sou um realista. Países democráticos não lidam apenas com democracias; por vezes, nossos interesses estratégicos ou econômicos exigem que sujemos as mãos com autocracias, teocracias, ditaduras e aberrações políticas. Mas devemos fazer isso com decoro; envergonhados; como um cavalheiro que frequenta o bordel e não faz publicidade de seus atos.
Os 3% que desaprovam Lula, aposto, desaprovam a forma indigna como ele elegeu Ahmadinejad seu amigo; como manteve relações amistosas com Chávez; como foi displicente perante os presos políticos cubanos.
Acompanhei as eleições brasileiras. Comentei-as. Escrevi a respeito. Mas, nessa hora em que Lula sai para Dilma entrar, os meus únicos pensamentos estão com os 3% que não perderam a cabeça e mantiveram-se à tona da sanidade.
Nessa noite fria de Lisboa, um brinde a eles!
João Pereira Coutinho, 34 anos, é colunista da Folha
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
44%, SENHOR LUIZ INÁCIO DA SILVA, E NÃO APENAS 3%, LHE DISSERAM "NÃO!!!"
por Reinaldo Azevedo
Ah, a petralhada gostaria de me ver arrancando os cabelos, agora que os tenho, desesperado, a esmurrar as paredes! De fato, é não me conhecer. Trabalhei e produzi ontem normalmente, apesar de alguns percalços de ordem pessoal, quase inteiramente superados, e que nada tiveram a ver com as urnas. Ao contrário! Estou frio como uma lâmina para pensar e com o coração sempre quente para escrever, hehe. Morno, como disse no texto de ontem, jamais! Há dias, Lula, repetindo o seu blogueiro pançudo, dizia que os 3% que acham seu governo “ruim ou péssimo” deveriam estar no “comitê de certo candidato”. A isto Lula gostaria que a oposição estivesse reduzida: a 3%!!! Ele bem que tentou! Mas não! Nas urnas, ela se revelou 44% dos que foram votar. A oposição fez ainda 10 governos estaduais — 8 do PSDB (Paraná, São Paulo, Minas, Goiás, Tocantins, Alagoas, Pará e Roraima) e 2 do DEM (Santa Catarina e Rio Grande do Norte) . Governará 52,3% da população e bem mais da metade do PIB.
O presidente dos “83% de ótimo e bom” — que era, na verdade, quem disputava a eleição, já que Dilma fez questão de não existir — obteve 55% dos votos totais nas urnas, correspondentes a 41% do eleitorado. Como demonstrei em outro post e está historicamente provado, a esquerda leva sempre um terço do eleitorado pelo menos. Esses números dão conta do real poder mágico de Lula. O PT elegeu 5 governadores — Acre, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Bahia e Sergipe. Os outros 12 “governistas” são do PMDB (5), PSB (6) e PMN (1). A oposição, se quiser ser oposição, está viva e pode respirar muito bem. Só precisa parar de errar — e alguém poderia dizer: “É aí que mora o problema!” Sim, é aí. Dilma Rousseff terá uma maioria folgada na Câmara e no Senado, garantida, como sempre, pelo PMDB — e é aí que mora o problema dela.
De saída, cumpre notar que este, definitivamente, não é um país que vota com a esquerda coisa nenhuma! Não é de esquerda o Congresso e não são de esquerda — nem mesmo essa esquerda petista — a esmagadora maioria dos governadores. O PT exerce a hegemonia na grande aliança em razão da força pessoal de Lula e do aparelhamento do estado e de sindicatos, base de sua, digamos, força material. Para levar adiante o “Projeto Dilma”, o partido teve de ceder os anéis em muitos estados, dividindo o poder com o PMDB e com o PSB. Os dois partidos logo estarão se batendo pela divisão do butim. Os ditos “socialistas” cresceram no Parlamento e elegeram seis governadores: 4 no Nordeste (Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco), 1 no Norte (Amapá) e 1 no Sudeste (Espírito Santo). Lula está doidinho para fundir a legenda com o PT. Eduardo Campos, governador reeleito de Pernambuco e líder inconteste do PSB, não deve ser tolo: de chefe de um grupo com razoável poder de pressão, passaria a ser um não-petista no PT. Seu projeto presidencial já estará na rua no dia 2 de janeiro de 2011— no mínimo, para negociar.
Assim, o PT não sai das urnas como o partido que faz o que bem entende, nem Lula se sagra como o demiurgo palpiteiro que, mesmo fora da Presidência da República, decidirá os destinos da nação. Dilma poderá se aconselhar com ele quantas vezes quiser, mas sabe que sua influência será limitada. “Mas e a dos governadores, Reinaldo, é assim tão grande? Não é o Congresso que conta?” Mais ou menos.
Deputados federais paulistas e mineiros, para citar dois estados com bancadas grandes, ainda que petistas ou governistas, sabem que não convém entrar em choque com os respectivos governadores — essa questão será especialmente candente caso Dilma queira, de fato, fazer uma reforma tributária. Se os 10 da oposição conseguirem — e eu sei que é difícil — um consenso mínimo (em vez de ficarem se estapeando, o que Dilma adoraria) —, o tamanho da oposição no Congresso perde um pouco de importância. Desde logo, teriam de criar uma espécie de fórum permanente para discutir as questões que dizem respeito a seus respectivos estados.
Os 43,7 milhões
Outra questão muito relevante a ser considerada são as condições em que a oposição obtém esse número de votos, reduzindo em mais de 10 pontos a diferença na comparação com 2002 e 2006. O jogo, desta feita, foi muito mais pesado. Lula e a máquina que ele mobilizou no subjornalismo não tiveram limites. Ele despiu-se completamente do decoro — ainda ontem, falou mais um absurdo (veja abaixo). Seus aliados naquela variante do crime que se confunde com imprensa trilharam cada palmo da abjeção. A estrutura do estado foi mobilizada para eleger a sua criatura eleitoral. Manifestou-se de diversos modos: quebrando sigilos e impedindo ou procrastinando a investigação; escalando ministros de estado e chefes de estatais para falar como líderes de facção; organizando a agenda do governo e das empresas públicas para produzir factóides eleitorais. O auge da manipulação foi o anúncio, obviamente apressado, da descoberta de uma “nova possível quem sabe provável é bem capaz” reserva de petróleo no pré-sal dois dias antes da eleição. Fez-se ainda profissão de fé na mentira, com o fantasma ressuscitado das privatizações — a que a campanha do PSDB, é fato, respondeu, de novo, de modo desastrado, o que não retira o caráter vigarista da acusação.
Pois bem, ainda assim, apesar de tudo isso, a despeito de toda sem-vergonhice, de um constrangedor endeusamento da figura de Lula, que tocou as raias do ridículo, nada menos de 44% dos eleitores que compareceram às urnas disseram “NÃO”. E esse “NÃO” FOI DITO A LULA, NÃO A DILMA. Os petistas confundiram — e, infelizmente, o marketing eleitoral da oposição também (e pela segunda vez) — a aprovação ao governo Lula com uma carta branca para ele falar o que bem entende, fazer o que entende, eleger quem bem entende. O petralha assanhado logo dirá: “Ué, mas elegeu Dilma, não foi?” Foi, sim! Mas a que expedientes recorreu para isso? Até onde teve de descer? Quanto teve de gastar de recursos públicos — arreganharam-se os cofres — para lograr o seu intento? E tudo isso para que, no fim, a campanha convergisse para o terrorismo. Lula teve de renunciar a todos os princípios do republicanismo e do decoro para que 6,05% dos eleitores lhe garantissem a vitória. A distância de 12 pontos numa polarização tende a esconder a margem relativamente estreita de seu triunfo.
Mar de votos. O que fazer?
Os oposicionistas saem desse pleito com um mar de votos. E votos, insisto, qualificados porque conseguiram resistir a todas as vagas da empulhação e à mais desonesta campanha eleitoral a que assisti desde a redemocratização — ou antes, desde a eleição direta para os governos de estado, em 1982. Muitos podem até apoiar o “Lula presidente”, mas não aprovaram o “Lula cabo eleitoral”.
Se as atuais oposições optarem por se opor apenas nos seis meses finais de 2014, serão jantadas de novo pelo petismo — afinal, Lula estará dando sopa, em busca de emprego. Pode-se apostar que dificuldades virão pela frente, inclusive no cenário internacional, e que Dilma acabará fazendo bobagem. Mas essa é sempre uma aposta arriscada. As oposições, nas democracias, devem se preparar para disputar com adversários bem-sucedidos. Opor-se não é sinônimo de dizer “não” apenas; também é sinônimo de alternativas, pelas quais se deve brigar, procurando mobilizar pessoas e correntes de opinião. Mais: precisa estabelecer uma agenda e um conjunto de valores em nome dos quais vai lutar.
Por mais estranha que possa parecer a proposta, e sei que parece, o primeiro passo do PSDB, reitero, é mergulhar na sua própria história para recolocar os fatos no seu devido lugar. Não pode mais continuar seqüestrado pelo PT. No ano que vem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz 80 anos. As oposições, os 44 milhões que não se deixaram levar pela estupidez de que ele foi um mau presidente e os que têm apreço pela história devem-lhe mais do que um desagravo; devem-lhe a verdade: fundou as bases do Brasil viável. Sem esta “volta para o futuro”, quem não tem futuro é o PSDB porque fica sem passado.
Reinaldo Azevedo é colunista da Revista Veja
Ah, a petralhada gostaria de me ver arrancando os cabelos, agora que os tenho, desesperado, a esmurrar as paredes! De fato, é não me conhecer. Trabalhei e produzi ontem normalmente, apesar de alguns percalços de ordem pessoal, quase inteiramente superados, e que nada tiveram a ver com as urnas. Ao contrário! Estou frio como uma lâmina para pensar e com o coração sempre quente para escrever, hehe. Morno, como disse no texto de ontem, jamais! Há dias, Lula, repetindo o seu blogueiro pançudo, dizia que os 3% que acham seu governo “ruim ou péssimo” deveriam estar no “comitê de certo candidato”. A isto Lula gostaria que a oposição estivesse reduzida: a 3%!!! Ele bem que tentou! Mas não! Nas urnas, ela se revelou 44% dos que foram votar. A oposição fez ainda 10 governos estaduais — 8 do PSDB (Paraná, São Paulo, Minas, Goiás, Tocantins, Alagoas, Pará e Roraima) e 2 do DEM (Santa Catarina e Rio Grande do Norte) . Governará 52,3% da população e bem mais da metade do PIB.
O presidente dos “83% de ótimo e bom” — que era, na verdade, quem disputava a eleição, já que Dilma fez questão de não existir — obteve 55% dos votos totais nas urnas, correspondentes a 41% do eleitorado. Como demonstrei em outro post e está historicamente provado, a esquerda leva sempre um terço do eleitorado pelo menos. Esses números dão conta do real poder mágico de Lula. O PT elegeu 5 governadores — Acre, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Bahia e Sergipe. Os outros 12 “governistas” são do PMDB (5), PSB (6) e PMN (1). A oposição, se quiser ser oposição, está viva e pode respirar muito bem. Só precisa parar de errar — e alguém poderia dizer: “É aí que mora o problema!” Sim, é aí. Dilma Rousseff terá uma maioria folgada na Câmara e no Senado, garantida, como sempre, pelo PMDB — e é aí que mora o problema dela.
De saída, cumpre notar que este, definitivamente, não é um país que vota com a esquerda coisa nenhuma! Não é de esquerda o Congresso e não são de esquerda — nem mesmo essa esquerda petista — a esmagadora maioria dos governadores. O PT exerce a hegemonia na grande aliança em razão da força pessoal de Lula e do aparelhamento do estado e de sindicatos, base de sua, digamos, força material. Para levar adiante o “Projeto Dilma”, o partido teve de ceder os anéis em muitos estados, dividindo o poder com o PMDB e com o PSB. Os dois partidos logo estarão se batendo pela divisão do butim. Os ditos “socialistas” cresceram no Parlamento e elegeram seis governadores: 4 no Nordeste (Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco), 1 no Norte (Amapá) e 1 no Sudeste (Espírito Santo). Lula está doidinho para fundir a legenda com o PT. Eduardo Campos, governador reeleito de Pernambuco e líder inconteste do PSB, não deve ser tolo: de chefe de um grupo com razoável poder de pressão, passaria a ser um não-petista no PT. Seu projeto presidencial já estará na rua no dia 2 de janeiro de 2011— no mínimo, para negociar.
Assim, o PT não sai das urnas como o partido que faz o que bem entende, nem Lula se sagra como o demiurgo palpiteiro que, mesmo fora da Presidência da República, decidirá os destinos da nação. Dilma poderá se aconselhar com ele quantas vezes quiser, mas sabe que sua influência será limitada. “Mas e a dos governadores, Reinaldo, é assim tão grande? Não é o Congresso que conta?” Mais ou menos.
Deputados federais paulistas e mineiros, para citar dois estados com bancadas grandes, ainda que petistas ou governistas, sabem que não convém entrar em choque com os respectivos governadores — essa questão será especialmente candente caso Dilma queira, de fato, fazer uma reforma tributária. Se os 10 da oposição conseguirem — e eu sei que é difícil — um consenso mínimo (em vez de ficarem se estapeando, o que Dilma adoraria) —, o tamanho da oposição no Congresso perde um pouco de importância. Desde logo, teriam de criar uma espécie de fórum permanente para discutir as questões que dizem respeito a seus respectivos estados.
Os 43,7 milhões
Outra questão muito relevante a ser considerada são as condições em que a oposição obtém esse número de votos, reduzindo em mais de 10 pontos a diferença na comparação com 2002 e 2006. O jogo, desta feita, foi muito mais pesado. Lula e a máquina que ele mobilizou no subjornalismo não tiveram limites. Ele despiu-se completamente do decoro — ainda ontem, falou mais um absurdo (veja abaixo). Seus aliados naquela variante do crime que se confunde com imprensa trilharam cada palmo da abjeção. A estrutura do estado foi mobilizada para eleger a sua criatura eleitoral. Manifestou-se de diversos modos: quebrando sigilos e impedindo ou procrastinando a investigação; escalando ministros de estado e chefes de estatais para falar como líderes de facção; organizando a agenda do governo e das empresas públicas para produzir factóides eleitorais. O auge da manipulação foi o anúncio, obviamente apressado, da descoberta de uma “nova possível quem sabe provável é bem capaz” reserva de petróleo no pré-sal dois dias antes da eleição. Fez-se ainda profissão de fé na mentira, com o fantasma ressuscitado das privatizações — a que a campanha do PSDB, é fato, respondeu, de novo, de modo desastrado, o que não retira o caráter vigarista da acusação.
Pois bem, ainda assim, apesar de tudo isso, a despeito de toda sem-vergonhice, de um constrangedor endeusamento da figura de Lula, que tocou as raias do ridículo, nada menos de 44% dos eleitores que compareceram às urnas disseram “NÃO”. E esse “NÃO” FOI DITO A LULA, NÃO A DILMA. Os petistas confundiram — e, infelizmente, o marketing eleitoral da oposição também (e pela segunda vez) — a aprovação ao governo Lula com uma carta branca para ele falar o que bem entende, fazer o que entende, eleger quem bem entende. O petralha assanhado logo dirá: “Ué, mas elegeu Dilma, não foi?” Foi, sim! Mas a que expedientes recorreu para isso? Até onde teve de descer? Quanto teve de gastar de recursos públicos — arreganharam-se os cofres — para lograr o seu intento? E tudo isso para que, no fim, a campanha convergisse para o terrorismo. Lula teve de renunciar a todos os princípios do republicanismo e do decoro para que 6,05% dos eleitores lhe garantissem a vitória. A distância de 12 pontos numa polarização tende a esconder a margem relativamente estreita de seu triunfo.
Mar de votos. O que fazer?
Os oposicionistas saem desse pleito com um mar de votos. E votos, insisto, qualificados porque conseguiram resistir a todas as vagas da empulhação e à mais desonesta campanha eleitoral a que assisti desde a redemocratização — ou antes, desde a eleição direta para os governos de estado, em 1982. Muitos podem até apoiar o “Lula presidente”, mas não aprovaram o “Lula cabo eleitoral”.
Se as atuais oposições optarem por se opor apenas nos seis meses finais de 2014, serão jantadas de novo pelo petismo — afinal, Lula estará dando sopa, em busca de emprego. Pode-se apostar que dificuldades virão pela frente, inclusive no cenário internacional, e que Dilma acabará fazendo bobagem. Mas essa é sempre uma aposta arriscada. As oposições, nas democracias, devem se preparar para disputar com adversários bem-sucedidos. Opor-se não é sinônimo de dizer “não” apenas; também é sinônimo de alternativas, pelas quais se deve brigar, procurando mobilizar pessoas e correntes de opinião. Mais: precisa estabelecer uma agenda e um conjunto de valores em nome dos quais vai lutar.
Por mais estranha que possa parecer a proposta, e sei que parece, o primeiro passo do PSDB, reitero, é mergulhar na sua própria história para recolocar os fatos no seu devido lugar. Não pode mais continuar seqüestrado pelo PT. No ano que vem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz 80 anos. As oposições, os 44 milhões que não se deixaram levar pela estupidez de que ele foi um mau presidente e os que têm apreço pela história devem-lhe mais do que um desagravo; devem-lhe a verdade: fundou as bases do Brasil viável. Sem esta “volta para o futuro”, quem não tem futuro é o PSDB porque fica sem passado.
Reinaldo Azevedo é colunista da Revista Veja
sábado, 30 de outubro de 2010
A jequice da Era da Mediocridade
Do blog de Augusto Nunes
O Brasil conseguiu ficar mais jeca, resumiu o título do post publicado em setembro de 2009 e reproduzido na seção Vale Reprise.
Depois de descrever a inverossímil quermesse patriótica montada para celebrar a fantasia do pré-sal, que chegou ao climax com a Proclamação da Segunda Independência pelo presidente Lula, o texto reitera nas três últimas linhas que os brasileiros ainda providos de lucidez continuavam a enxergar as coisas como as coisas são: “Sem parentesco com o país que o governo inventou, o Brasil real não mudou. Só conseguiu tornar-se ainda mais metido a esperto, mais grosseiro, mais caipira, mais jeca. Toda nação acaba ficando parecida com quem a governa”.
Ficou mais parecida ainda nesta semana, informa o parecer do Conselho Nacional de Educação publicado no Diário Oficial da União de quinta-feira. Segundo a entidade, o livro “Caçadas de Pedrinho”, do escritor Monteiro Lobato, é perigoso demais para cair nas mãos dos alunos de escolas públicas.
Em que pecado teria incorrido o pai de personagens ─ Emília, Narizinho, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia, o próprio Pedrinho ─ eternizados no imaginário de milhões de crianças brasileiras? Que crime teria cometido o admirável contador de histórias que inoculou em incontáveis gerações o amor à leitura?
Monteiro Lobato é racista, acaba de descobrir Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, que redigiu o documento endossado pelos demais conselheiros.
No livro publicado em 1933, ela identificou vários trechos grávidos de preconceito, sobretudo os que envolvem Tia Nastácia, macacos e urubus. “Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano”, explica a vigilante conselheira. Num deles, “Tia Nastácia é chamada de negra”. Noutro, trepa numa árvore “com a agilidade de um macaco”.
Solidária com os conselheiros, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC já resolveu que “a obra só deve ser usada quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil”.
Quem não compreende coisa nenhuma é o bando de ineptos alojado nas siglas que vão colocando em frangalhos o sistema de ensino. Quem precisa tratar processos históricos com menos ligeireza são os cretinos fundamentais que ousam censurar a obra de um escritor genial. Só burocratas idiotizados pelo politicamente correto tentam aprisionar em gavetas nos porões criaturas que excitaram a imaginação de milhões de pequenos brasileiros.
Ironicamente, um dos filhos literários de Monteiro Lobato é o Jeca Tatu. Nasceu para ensinar que o Brasil só conheceria a civilização se erradicasse o atraso crônico, as doenças da miséria, o primitivismo cultural ─ a jequice, enfim.
No Brasil do presidente que não lê, não sabe escrever e celebra a ignorância, o caipira minado pelo amarelão, que fala errado e se imagina esperto, virou modelo a imitar. Ser jeca está na moda, rende votos, aumenta a popularidade. Pode até garantir o emprego de conselheiro nacional de educação.
O Brasil conseguiu ficar mais jeca, resumiu o título do post publicado em setembro de 2009 e reproduzido na seção Vale Reprise.
Depois de descrever a inverossímil quermesse patriótica montada para celebrar a fantasia do pré-sal, que chegou ao climax com a Proclamação da Segunda Independência pelo presidente Lula, o texto reitera nas três últimas linhas que os brasileiros ainda providos de lucidez continuavam a enxergar as coisas como as coisas são: “Sem parentesco com o país que o governo inventou, o Brasil real não mudou. Só conseguiu tornar-se ainda mais metido a esperto, mais grosseiro, mais caipira, mais jeca. Toda nação acaba ficando parecida com quem a governa”.
Ficou mais parecida ainda nesta semana, informa o parecer do Conselho Nacional de Educação publicado no Diário Oficial da União de quinta-feira. Segundo a entidade, o livro “Caçadas de Pedrinho”, do escritor Monteiro Lobato, é perigoso demais para cair nas mãos dos alunos de escolas públicas.
Em que pecado teria incorrido o pai de personagens ─ Emília, Narizinho, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia, o próprio Pedrinho ─ eternizados no imaginário de milhões de crianças brasileiras? Que crime teria cometido o admirável contador de histórias que inoculou em incontáveis gerações o amor à leitura?
Monteiro Lobato é racista, acaba de descobrir Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, que redigiu o documento endossado pelos demais conselheiros.
No livro publicado em 1933, ela identificou vários trechos grávidos de preconceito, sobretudo os que envolvem Tia Nastácia, macacos e urubus. “Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano”, explica a vigilante conselheira. Num deles, “Tia Nastácia é chamada de negra”. Noutro, trepa numa árvore “com a agilidade de um macaco”.
Solidária com os conselheiros, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC já resolveu que “a obra só deve ser usada quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil”.
Quem não compreende coisa nenhuma é o bando de ineptos alojado nas siglas que vão colocando em frangalhos o sistema de ensino. Quem precisa tratar processos históricos com menos ligeireza são os cretinos fundamentais que ousam censurar a obra de um escritor genial. Só burocratas idiotizados pelo politicamente correto tentam aprisionar em gavetas nos porões criaturas que excitaram a imaginação de milhões de pequenos brasileiros.
Ironicamente, um dos filhos literários de Monteiro Lobato é o Jeca Tatu. Nasceu para ensinar que o Brasil só conheceria a civilização se erradicasse o atraso crônico, as doenças da miséria, o primitivismo cultural ─ a jequice, enfim.
No Brasil do presidente que não lê, não sabe escrever e celebra a ignorância, o caipira minado pelo amarelão, que fala errado e se imagina esperto, virou modelo a imitar. Ser jeca está na moda, rende votos, aumenta a popularidade. Pode até garantir o emprego de conselheiro nacional de educação.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
VITÓRIA EM DOSE DUPLA
José Augusto: a esperada derrota transformou-se numa incrível vitória |
Estava em jogo o futuro imediato da carreira política do ex-prefeito José Augusto Maia, eleito deputado federal no dia 03 de outubro, mas com o registro da candidatura ainda pendente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os dez vereadores do município tinham a opção de julgar novamente as contas dos exercícios de 2002, 2006 e 2007, já que as votações anteriores dessas contas haviam sido anuladas pela própria Câmara. A outra opção seria aprovar um requerimento assinado pelos vereadores Ernesto Maia, Deomedes Brito e Dr. Nanau, estabelecendo a ouvida de testemunhas antes do efetivo julgamento das contas. A segunda opção prevaleceu, e provocou uma reviravolta na conjuntura política do município, particularmente no grupo governista.
Guerra entre aliados
A nau Taboquinha navegava em águas extremamente turbulentas desde que, às vésperas das convenções partidárias, no final de junho, o ex-prefeito José Augusto anunciou publicamente que não mais faria dobradinha com Diogo Moraes nas eleições legislativas, e que o seu candidato a deputado estadual seria Cecílio Galvão. A situação evoluiu para uma verdadeira guerra política entre os clãs Moraes e Maia, assim permanecendo até o dia da eleição, 03 de outubro.
Com o sucesso obtido nas urnas, tanto por Diogo como por José Augusto, a animosidade entre ambos pareceu diminuir, pelo menos publicamente. Mas nos bastidores o caldo continuava fervendo, e como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demorava a apreciar o recurso impetrado por José Augusto, contestando o indeferimento do registro de sua candidatura pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), a luz vermelha acendeu para o ex-prefeito. Um insucesso na Câmara de Vereadores poderia influenciar o resultado do julgamento no TSE.
Nos dias que antecederam a votação na Câmara, o ex-prefeito deflagrou uma ofensiva diplomática quase desesperada, na tentativa de obter os votos de Fernando Aragão e Diogo Moraes no requerimento que ampliava suas possibilidades de defesa. Até à noite do domingo 24, não havia qualquer indício de que José Augusto obteria êxito nos seus esforços. Ao contrário, a derrota parecia se materializar a cada dia que passava. A virada só aconteceria entre a segunda e a terça-feira, dia da votação.
Leitura bíblica
A quase surreal noite Taboquinha foi permeada por aspectos de religiosidade. Na abertura dos trabalhos da reunião ordinária da Câmara, o vereador Deomedes Brito foi indicado para fazer a leitura bíblica. Coincidência ou não, o texto escolhido pelo edil trazia o sugestivo título de "Jesus acalma a tempestade".
No dia seguinte, no intervalo da entrevista que concedeu à rádio Comunidade FM, José Augusto mostrou uma foto tirada do seu celular na noite anterior, enquanto se desenvolvia a reunião da Câmara. Na foto, aparece a sua filha Hanna Raquel, de apenas 5 anos, orando em favor da aprovação do requerimento. O próprio José Augusto afirmou que acompanhou grande parte da reunião trancado no banheiro, orando. Na quarta-feira, em declaração ao blog de Inaldo Sampaio, José Augusto declarou: "Só pode ter sido coisa de Deus".
Os discursos
Durante os discursos dos vereadores governistas, exceção feita ao vereador Dimas Dantas, ficou evidente que o clima de desagragação e animosidade, que até então vinha prevalecendo no grupo, havia sido superado.
Primeiro a usar a tribuna, o presidente da Casa Fernando Aragão ocupou a maior parte do seu tempo falando da política nacional. Ao abordar a política local, afirmou acreditar que José Augusto obteria o deferimento do registro da sua candidatura no TSE e que assumiria o cargo de deputado federal.
À medida que ficava claro, pelo tom ameno dos discursos dos governistas, que o requerimento que ampliava o prazo de defesa do ex-prefeito seria aprovado, os vereadores oposicionistas passaram a demonstrar irritação com Diogo Moraes e Fernando Aragão. Afrânio Marques, Junior Gomes, Francisco Ricardo e Zezin Buxin fizeram discursos extremamente ácidos, com violentas críticas a José Augusto e aos dois edis.
Ironia ou providência?
Àquela altura permanecia uma incógnita: como votaria o vereador Dimas Dantas? Ao fazer uso da tribuna, o vereador abriu seu discurso falando sobre o requerimento apresentado pelos três vereadores situacionistas. Mantendo o seu estilo sinuoso de discursar, Dimas começou elogiando os aspectos técnicos do requerimento, que no seu entender era bem construído. Daí passou ao mérito da questão, antecipando que votaria contra o requerimento.
Justamente quando elencava os motivos pelos quais não acompanharia os colegas de bancada na votação, o vereador Ernesto Maia recebeu um telefonema de Brasília, dando conta de que o TSE acabara de deferir o registro da candidatura de José Augusto Maia. Um minuto depois, a rádio Comunidade FM levou a informação ao ar. No mesmo instante, uma multidão começou a comemorar do lado de fora da Câmara, provocando um enorme barulho. No auditório várias pessoas levantaram-se e foram conferir o que acontecia.
Sem entender o que acontecia, Dimas quebrou o ritmo da sua fala algumas vezes, olhando para a movimentação que acontecia na platéia e na Mesa. Só quando o vereador Fernando Aragão explicou do que se tratava é que Dimas pôde se situar, mas aí já tinha adiantado o voto e não podia mais simplesmente recuar. Ao final da reunião, o vereador ficou sozinho no plenário, esperando o momento mais adequado para deixar as dependências da Câmara sem ser hostilizado pelo multidão que se encontrava na frente da Casa.
Comoção e lágrimas
A votação do requerimento terminou empatada em 5 a 5. Os vereadores da Oposição votaram contra, acompanhados de Dimas Dantas. Coube ao presidente da Câmara Fernando Aragão dar o voto de minerva, desempatando a votação e aprovando a ampliação do prazo para a defesa do ex-prefeito José Augusto.
Contrariando radicalmente as expectativas iniciais, Diogo Moraes e Fernando Aragão saíram da Câmara de Vereadores aclamados pela multidão. Mesmo com o eficiente cordão de isolamento montado pela Polícia Militar, tiveram dificuldade para se desvencilhar de alguns correligionários mais entusiasmados. De lá, seguiram a pé para a residência do vereador Fernando Aragão, acompanhados do Dr. Nanau.
A essas alturas o ex-prefeito José Augusto já se dirigia à Câmara de Vereadores, onde foi recebido num clima de festa e comoção que superou em muito o da notícia da sua eleição em 03 de outubro. O ex-prefeito chorava copiosamente.
Observado por Fernando Aragão, José Augusto abraça Diogo Moraes |
Conjuntura política
Para o grupo Taboquinha, uma nova situação política emergiu dos resultados das urnas, combinados com os acontecimentos do dia 26/10. Apesar de alçado ao mais importante cargo da sua trajetória política, o de deputado federal, José Augusto não é mais o senhor absoluto do grupo, como o foi quando prefeito. Doravante, terá que exercer uma liderança compartilhada, especialmente com o grupo Moraes-Aragão.
Eleito deputado estadual, Diogo Moraes surge como uma liderança efetiva, potencializada pela estreita relação política e pessoal com o governador Eduardo Campos. A votação em favor do requerimento não enfraquece Diogo politicamente, muito pelo contrário. Com o seu gesto, conquista a simpatia dos mais de 6.000 eleitores que votaram em Cecílio Galvão para deputado estadual, e satisfaz a infinita maioria dos seus quase 10.000 eleitores santa-cruzenses.
Coordenador da bem sucedida campanha de Diogo em Santa Cruz do Capibaribe, o vereador Fernando Aragão também sai do processo maior do que entrou. Com isso, poderá acalentar mais uma vez o seu antigo projeto de encabeçar uma eleição majoritária, no caso do prefeito Toinho do Pará abrir mão da disputa.
Indo para Brasília, José Augusto terá que abrir mão de administrar o "varejo" da política do grupo, passando a ser ouvido apenas nas grandes questões. Doravante, não deverá tentar impor unilateralmente sua vontade, especialmente nas definições de candidaturas para a presidência da Câmara e chapas majoritárias.
A crise que acaba se ser superada deve ser encarada como uma lição muito séria para os governistas. Não tivesse havido o inesperado final feliz, os taboquinhas teriam marchado celeremente para a perda da presidência da Câmara, em dezembro próximo, e da Prefeitura em 2012.
por Jason Lagos
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Perda de parâmetros. Ou: Este colunista dá uma ordem a Lula em nome da Constituição de que ambos somos súditos
Há uma perda generalizada de parâmetros, de referência, de noção do certo e do errado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com seu cesarismo tosco, com sua rusticidade estudada e cínica, com sua violência retórica muito além do que seria cabível a um chefe de governo, reduz a política a um confronto de gangues de rua, e vença aquele que conseguir eliminar o inimigo! Ao fim de seus oito anos de mandato, ao contrário do que dizem os áulicos e os candidatos a tanto, o jogo político de tornou menos civilizado, o estado está mais partidarizado, as instituições obedecem menos ao que prescreve a letra da lei e mais ao que determinam as injunções dos grupos de pressão.
É verdade a máxima de que o poder tende a corromper o caráter das pessoas e dos partidos. E a democracia é mesmo um sistema imperfeito, daí que o zelo para preservá-lo tenha de ser permanente; daí que o esforço para corrigir seus defeitos tenha de ser contínuo. Há instrumentos para impedir que o sistema democrático se desvie de seu curso, e — atenção! — a eleição, com a possibilidade de alternância de poder, é um deles. Alternância que pode não acontecer se o povo assim decidir — mas forçoso é que todos os contendores sigam as regras do jogo. E Lula não as segue. Utiliza as prerrogativas de chefe de governo e chefe de estado, que conquistou nas urnas, para se comportar como o chefe de uma facção e, no que concerne aos lamentáveis episódios do Rio, chefe de um bando.
É forçoso lembrar que a entrevista destrambelhada, desrespeitosa, em que aviltou José Serra — nada menos do que o candidato da oposição à Presidência, com possibilidade mesmo de se eleger presidente — foi concedida na condição de presidente da República, não de simples militante partidário. E que se note: jamais um chefe da nação será apenas o membro de um partido. Mas Lula já não quer ser nem mesmo um hipócrita decoroso. Esta certo de que não mais é necessário representar o papel que constitucionalmente lhe cabe — e que ele despreza: o de grande magistrado da nação.
Sim, um presidente, em última instância, é o grande árbitro da nação, e dele se espera que seja equânime, mesmo quando seus adversários políticos representam um dos lados da contenda; afinal, ele é presidente também daqueles que não votaram nele e que lutam, de acordo com as regras, para sucedê-lo — e não para substituí-lo.
Mas quê!!! Esse é o entendimento, com efeito, que os democratas têm do regime. Lula, em que pese a sua falta de preparo teórico e vínculo intelectual mais profundo com a esquerda, ganhou corpo numa outra cultura política. Por mais que seu governo seja, evidentemente, o de um país capitalista, ordenado segundo as leis do mercado, sua visão de mundo é herdeira do socialismo, da crença de que um partido detém o espírito e a forma do futuro, de que afrontá-lo consiste numa regressão do processo histórico — e não é só por malandragem publicitária que ameaçam o eleitorado com o retrocesso se o adversário vencer a disputa. Essa convicção autoritária se deixou temperar por todas as benesses e facilidades do poder, de sorte que, hoje, já não se distinguem o assaltante dos cofres públicos do grupo de assalto à democracia. Eles se misturaram; formam uma coisa só.
A entrevista em que Lula acusa Serra de mentir foi desmoralizada pelos fatos. Já sabemos disso. Mas quero chamar a atenção de vocês para a linguagem empregada pelo presidente, para os temos a que recorre para se referir ao candidato da oposição: “esse cidadão” e “esse homem” — já havia antes se referido a Geraldo Alckmin como “esse sujeito”. As pessoas perdem o nome, tornam-se um todo anônimo que tem de ser esmagado. Mais um pouco, diria “esse elemento”. Não expressou uma só palavra de censura à ação de seus correligionários, de sua tropa de assalto, nada! Lula fazia, assim, do agressor a vítima e da vítima o agressor, recorrendo à metáfora futebolística a que reduz todos os conflitos, internos ou externos.
Mas não está só - A imprensa áulica
Mas não é só ele que perdeu os parâmetros — ou que faz questão de não tê-los por método e escolha consciente. Amplos setores da imprensa hoje o seguem nesse desvario: os comprados porque comprados, e isso os define; os tocados pela ideologia porque supõem que, de algum modo, estariam mesmo em confronto duas visões de mundo: uma mais “progressista”, o PT, e outra mais “conservadora”, o PSDB, clivagem que não resistiria a um exame raso dos fatos. Qualquer pessoa intelectualmente honesta seria obrigada a admitir que, em muitos aspectos, o candidato tucano está à esquerda do ajuntamento que Dilma Rousseff representa hoje.
E, nesse ponto, um caçador de contradições inexistentes tenderia a me indagar, tentando alguma ironia: “Mas, então, você deveria se entusiasmar com Dilma”. Tolice! A questão, como tenho escrito aqui tantas vezes, diz respeito à DEMOCRACIA. Da velha esquerda, o PT conserva um valor intocado: o ódio ao regime democrático — e o esforço consecutivo para solapá-lo, agora pela via legal. Afinal, eu sou aquele que sempre desconfiou do caráter desses caras, mas que nunca disse que eles são burros.
A tacanhice ideológica é um mal, no mais das vezes, incurável. Quem faz as suas escolhas pensando não na preservação dos valores da democracia, consubstanciados nas leis e nas instituições, mas no “avanço da luta dos oprimidos” está pronto, a qualquer momento, para conceder com a transgressão institucional se considerar que a tal “justiça das ruas” está sendo feita. E a nossa imprensa está coalhada dessa boçalidade. Há mais esquerdistas na Folha, no Estadão, no Globo, na Globo e na VEJA do que no PT, que sabe instrumentalizar a favor da consolidação do seu poder esse pendor juvenil (não importa a idade do coroa…) para essa noção muito particular de justiça que abastarda as leis. Curiosamente, essa cultura antiestablishment é, hoje, expressão de um arraigado governismo porque, afinal de contas, na comparação, o PT estaria mais próximo dos idéias de justiça social. Dados empíricos podem comprovar o contrário. Mas e daí? Esse é um mal permanente, sem cura.
E não é o mal maior. O governo Lula conseguiu, como nunca antes na história destepaiz, comprar veículos inteiros — jornais, portais, revistas —, de porteira fechada, com todas as alimárias que lá iam. Assiste-se a um verdadeiro show de horrores. O objetivo não é mais a notícia, o fato, tenha-se dele a leitura que for, mas a fofoca, a difamação, a versão que interessa ao partido, a luta política. E o fazem, naturalmente, sem admitir a escolha política. O caso da agressão sofrida por Serra evidenciou com clareza esse desastre moral: mesmo depois de comprovado que o episódio não se resumia a uma “bolinha de papel”, insistia-se na hipótese delinqüente. Houve até quem chamasse a reportagem de “a versão do Jornal Nacional”, como se, no caso, pudesse haver duas verdades.
É compreensível que alguém indague: “Quem é você para falar?” Como escrevi no post em que anunciei que este blog caminha para 5 milhões de páginas visitadas neste mês de outubro, eu tenho lado — expus os valores desse lado. MAS NÃO PRECISO DA MENTIRA PARA DEFENDÊ-LOS, NÃO! Mais ainda: jamais chamei de “notícia” as minhas opiniões. Rejeito a trapaça. Por isso tantos vêm aqui — até os que me detestam. Os petistas, que me lêem obsessivamente — a turma deles é muito ruim, beirando o analfabetismo —, podem falar o diabo a meu respeito, adjetivos nem sempre afetuosos, mas jamais poderão dizer: “Olhem como ele nos atribui o que não fizemos!” Nunca! Eu sempre lhes atribuo o que fizeram; eles se sentem devidamente caracterizados aqui. Só não tenho deles a opinião que têm de si mesmos.
Luta pelo estado, não pelo mercado
Fosse a convicção a mover esses veículos a que me refiro, vá lá. Mas não é! Tampouco se trata de uma luta para conquistar o “outro”: “Ah, se A e B dizem isso, então vamos dizer aquilo para falar com o outro leitor, o outro telespectador, o outro ouvinte, o outro internauta”. Não assistimos a uma luta pelo mercado senão a uma LUTA PELO ESTADO, por seus recursos, pela verba publicitária do governo federal e das estatais. Apostam alto no cavalo que lhes parece vencedor porque contam, depois, dividir o butim. Se não podem enfrentar a concorrência para conquistar os leitores ou telespectadores, vale enfrentar a verdade com a mentira para conquistar o caixa do governo. Estou nessa profissão há um bom tempo já. Nunca assisti a nada parecido.
Questão errada
Tentou-se deslocar o debate para o objeto que teria atingido a cabeça de José Serra, e se questionou se, afinal de contas, a agressão teria sido forte o bastante para levá-lo ao médico, como se o ato, em si, o verdadeiro assalto que petistas tentaram promover na caminhada tucana, fosse uma prática aceitável, corriqueira, adequada às normas da disputa democrática. O fato de que aquela gente lincharia o adversário se tivesse oportunidade não contou de nenhuma maneira. Não se tocou no assunto.
E, quando a questão foi tratada, caminhou-se pelas veredas do obscurantismo. Discordo, por exemplo, severamente de Janio de Freitas, colunista da Folha. Daria para ir de A a Z, sem ficar uma só letrinha pelo caminho. Mas não imaginava ler um texto seu como o de ontem, em que sugere que os tucanos estavam no lugar errado — deveriam era caminhar na beira da praia, sugeriu — e que o elemento de perturbação, sabe-se lá por quê , era Índio da Costa, vice de José Serra. Janio perguntou à vítima do estupro por que ela estava usando minissaia. Quem escrevia ali? Nem mesmo era ele. Tratava-se de um preconceito bem mais antigo do que o próprio colunista.
Encerrando
Perda de parâmetros. Esse é o nome do nosso mal. Aos poucos, como sociedade, vão desaparecendo as noções do que pode e do que não pode. Há dias, na solenidade promovida por um desses panfletos comprados com dinheiro público, Lula conclamou os políticos a enfrentar a imprensa — mais ou menos como os petistas do Ceará, protegidos por Cid Gomes, já querem fazer, silenciando-o. Não se referia, evidentemente, a esta na qual ele passa hoje as esporas (olhem a metáfora rural deste caipira, hehe…), mas àquela outra que tem valores, que não abre mão da democracia, do estado de direito, da Constituição e das leis; àquela que lhe diz com clareza: um presidente da República tem de atuar dentro de seus limites.
Não sei quem vai ganhar as eleições. Corisco nem se entrega nem se assusta com números. Para Corisco, número não é categoria de pensamento nem pode constituir, sozinho, uma moral ou plasmar uma ética. Vença quem vença, Corisco anuncia: estará na Resistência em nome daqueles valores de que não abre mão: democracia, estado de direito, liberdade de expressão, economia de mercado. Por isso Corisco, como cidadão, ordena, em nome da Constituição de que os dois somos súditos:
“Peça desculpas ao país e ao candidato de oposição, senhor presidente da República! É a oposição que legitima a democracia, meu senhor! Afinal, nas ditaduras também é permitido concordar. Aprenda ao menos isso. Nem que seja a última coisa. Nem que seja a primeira!”
Por Reinaldo Azevedo - colunista da revista Veja
É verdade a máxima de que o poder tende a corromper o caráter das pessoas e dos partidos. E a democracia é mesmo um sistema imperfeito, daí que o zelo para preservá-lo tenha de ser permanente; daí que o esforço para corrigir seus defeitos tenha de ser contínuo. Há instrumentos para impedir que o sistema democrático se desvie de seu curso, e — atenção! — a eleição, com a possibilidade de alternância de poder, é um deles. Alternância que pode não acontecer se o povo assim decidir — mas forçoso é que todos os contendores sigam as regras do jogo. E Lula não as segue. Utiliza as prerrogativas de chefe de governo e chefe de estado, que conquistou nas urnas, para se comportar como o chefe de uma facção e, no que concerne aos lamentáveis episódios do Rio, chefe de um bando.
É forçoso lembrar que a entrevista destrambelhada, desrespeitosa, em que aviltou José Serra — nada menos do que o candidato da oposição à Presidência, com possibilidade mesmo de se eleger presidente — foi concedida na condição de presidente da República, não de simples militante partidário. E que se note: jamais um chefe da nação será apenas o membro de um partido. Mas Lula já não quer ser nem mesmo um hipócrita decoroso. Esta certo de que não mais é necessário representar o papel que constitucionalmente lhe cabe — e que ele despreza: o de grande magistrado da nação.
Sim, um presidente, em última instância, é o grande árbitro da nação, e dele se espera que seja equânime, mesmo quando seus adversários políticos representam um dos lados da contenda; afinal, ele é presidente também daqueles que não votaram nele e que lutam, de acordo com as regras, para sucedê-lo — e não para substituí-lo.
Mas quê!!! Esse é o entendimento, com efeito, que os democratas têm do regime. Lula, em que pese a sua falta de preparo teórico e vínculo intelectual mais profundo com a esquerda, ganhou corpo numa outra cultura política. Por mais que seu governo seja, evidentemente, o de um país capitalista, ordenado segundo as leis do mercado, sua visão de mundo é herdeira do socialismo, da crença de que um partido detém o espírito e a forma do futuro, de que afrontá-lo consiste numa regressão do processo histórico — e não é só por malandragem publicitária que ameaçam o eleitorado com o retrocesso se o adversário vencer a disputa. Essa convicção autoritária se deixou temperar por todas as benesses e facilidades do poder, de sorte que, hoje, já não se distinguem o assaltante dos cofres públicos do grupo de assalto à democracia. Eles se misturaram; formam uma coisa só.
A entrevista em que Lula acusa Serra de mentir foi desmoralizada pelos fatos. Já sabemos disso. Mas quero chamar a atenção de vocês para a linguagem empregada pelo presidente, para os temos a que recorre para se referir ao candidato da oposição: “esse cidadão” e “esse homem” — já havia antes se referido a Geraldo Alckmin como “esse sujeito”. As pessoas perdem o nome, tornam-se um todo anônimo que tem de ser esmagado. Mais um pouco, diria “esse elemento”. Não expressou uma só palavra de censura à ação de seus correligionários, de sua tropa de assalto, nada! Lula fazia, assim, do agressor a vítima e da vítima o agressor, recorrendo à metáfora futebolística a que reduz todos os conflitos, internos ou externos.
Mas não está só - A imprensa áulica
Mas não é só ele que perdeu os parâmetros — ou que faz questão de não tê-los por método e escolha consciente. Amplos setores da imprensa hoje o seguem nesse desvario: os comprados porque comprados, e isso os define; os tocados pela ideologia porque supõem que, de algum modo, estariam mesmo em confronto duas visões de mundo: uma mais “progressista”, o PT, e outra mais “conservadora”, o PSDB, clivagem que não resistiria a um exame raso dos fatos. Qualquer pessoa intelectualmente honesta seria obrigada a admitir que, em muitos aspectos, o candidato tucano está à esquerda do ajuntamento que Dilma Rousseff representa hoje.
E, nesse ponto, um caçador de contradições inexistentes tenderia a me indagar, tentando alguma ironia: “Mas, então, você deveria se entusiasmar com Dilma”. Tolice! A questão, como tenho escrito aqui tantas vezes, diz respeito à DEMOCRACIA. Da velha esquerda, o PT conserva um valor intocado: o ódio ao regime democrático — e o esforço consecutivo para solapá-lo, agora pela via legal. Afinal, eu sou aquele que sempre desconfiou do caráter desses caras, mas que nunca disse que eles são burros.
A tacanhice ideológica é um mal, no mais das vezes, incurável. Quem faz as suas escolhas pensando não na preservação dos valores da democracia, consubstanciados nas leis e nas instituições, mas no “avanço da luta dos oprimidos” está pronto, a qualquer momento, para conceder com a transgressão institucional se considerar que a tal “justiça das ruas” está sendo feita. E a nossa imprensa está coalhada dessa boçalidade. Há mais esquerdistas na Folha, no Estadão, no Globo, na Globo e na VEJA do que no PT, que sabe instrumentalizar a favor da consolidação do seu poder esse pendor juvenil (não importa a idade do coroa…) para essa noção muito particular de justiça que abastarda as leis. Curiosamente, essa cultura antiestablishment é, hoje, expressão de um arraigado governismo porque, afinal de contas, na comparação, o PT estaria mais próximo dos idéias de justiça social. Dados empíricos podem comprovar o contrário. Mas e daí? Esse é um mal permanente, sem cura.
E não é o mal maior. O governo Lula conseguiu, como nunca antes na história destepaiz, comprar veículos inteiros — jornais, portais, revistas —, de porteira fechada, com todas as alimárias que lá iam. Assiste-se a um verdadeiro show de horrores. O objetivo não é mais a notícia, o fato, tenha-se dele a leitura que for, mas a fofoca, a difamação, a versão que interessa ao partido, a luta política. E o fazem, naturalmente, sem admitir a escolha política. O caso da agressão sofrida por Serra evidenciou com clareza esse desastre moral: mesmo depois de comprovado que o episódio não se resumia a uma “bolinha de papel”, insistia-se na hipótese delinqüente. Houve até quem chamasse a reportagem de “a versão do Jornal Nacional”, como se, no caso, pudesse haver duas verdades.
É compreensível que alguém indague: “Quem é você para falar?” Como escrevi no post em que anunciei que este blog caminha para 5 milhões de páginas visitadas neste mês de outubro, eu tenho lado — expus os valores desse lado. MAS NÃO PRECISO DA MENTIRA PARA DEFENDÊ-LOS, NÃO! Mais ainda: jamais chamei de “notícia” as minhas opiniões. Rejeito a trapaça. Por isso tantos vêm aqui — até os que me detestam. Os petistas, que me lêem obsessivamente — a turma deles é muito ruim, beirando o analfabetismo —, podem falar o diabo a meu respeito, adjetivos nem sempre afetuosos, mas jamais poderão dizer: “Olhem como ele nos atribui o que não fizemos!” Nunca! Eu sempre lhes atribuo o que fizeram; eles se sentem devidamente caracterizados aqui. Só não tenho deles a opinião que têm de si mesmos.
Luta pelo estado, não pelo mercado
Fosse a convicção a mover esses veículos a que me refiro, vá lá. Mas não é! Tampouco se trata de uma luta para conquistar o “outro”: “Ah, se A e B dizem isso, então vamos dizer aquilo para falar com o outro leitor, o outro telespectador, o outro ouvinte, o outro internauta”. Não assistimos a uma luta pelo mercado senão a uma LUTA PELO ESTADO, por seus recursos, pela verba publicitária do governo federal e das estatais. Apostam alto no cavalo que lhes parece vencedor porque contam, depois, dividir o butim. Se não podem enfrentar a concorrência para conquistar os leitores ou telespectadores, vale enfrentar a verdade com a mentira para conquistar o caixa do governo. Estou nessa profissão há um bom tempo já. Nunca assisti a nada parecido.
Questão errada
Tentou-se deslocar o debate para o objeto que teria atingido a cabeça de José Serra, e se questionou se, afinal de contas, a agressão teria sido forte o bastante para levá-lo ao médico, como se o ato, em si, o verdadeiro assalto que petistas tentaram promover na caminhada tucana, fosse uma prática aceitável, corriqueira, adequada às normas da disputa democrática. O fato de que aquela gente lincharia o adversário se tivesse oportunidade não contou de nenhuma maneira. Não se tocou no assunto.
E, quando a questão foi tratada, caminhou-se pelas veredas do obscurantismo. Discordo, por exemplo, severamente de Janio de Freitas, colunista da Folha. Daria para ir de A a Z, sem ficar uma só letrinha pelo caminho. Mas não imaginava ler um texto seu como o de ontem, em que sugere que os tucanos estavam no lugar errado — deveriam era caminhar na beira da praia, sugeriu — e que o elemento de perturbação, sabe-se lá por quê , era Índio da Costa, vice de José Serra. Janio perguntou à vítima do estupro por que ela estava usando minissaia. Quem escrevia ali? Nem mesmo era ele. Tratava-se de um preconceito bem mais antigo do que o próprio colunista.
Encerrando
Perda de parâmetros. Esse é o nome do nosso mal. Aos poucos, como sociedade, vão desaparecendo as noções do que pode e do que não pode. Há dias, na solenidade promovida por um desses panfletos comprados com dinheiro público, Lula conclamou os políticos a enfrentar a imprensa — mais ou menos como os petistas do Ceará, protegidos por Cid Gomes, já querem fazer, silenciando-o. Não se referia, evidentemente, a esta na qual ele passa hoje as esporas (olhem a metáfora rural deste caipira, hehe…), mas àquela outra que tem valores, que não abre mão da democracia, do estado de direito, da Constituição e das leis; àquela que lhe diz com clareza: um presidente da República tem de atuar dentro de seus limites.
Não sei quem vai ganhar as eleições. Corisco nem se entrega nem se assusta com números. Para Corisco, número não é categoria de pensamento nem pode constituir, sozinho, uma moral ou plasmar uma ética. Vença quem vença, Corisco anuncia: estará na Resistência em nome daqueles valores de que não abre mão: democracia, estado de direito, liberdade de expressão, economia de mercado. Por isso Corisco, como cidadão, ordena, em nome da Constituição de que os dois somos súditos:
“Peça desculpas ao país e ao candidato de oposição, senhor presidente da República! É a oposição que legitima a democracia, meu senhor! Afinal, nas ditaduras também é permitido concordar. Aprenda ao menos isso. Nem que seja a última coisa. Nem que seja a primeira!”
Por Reinaldo Azevedo - colunista da revista Veja
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Revista Veja: Militantes do PT agridem Serra e apedrejam van
A campanha presidencial atingiu seu ponto de mais baixo nível no início da tarde desta quarta-feira no Rio de Janeiro, com militantes petistas apedrejando a comitiva do candidato José Serra e causando tumulto no Calçadão de Campo Grande, na zona oeste da cidade. O candidato tucano chegou a ser atingido na cabeça por um rolo de fita adesiva arremessado por militantes com bandeiras do PT e um pastor da Assembléia de Deus levou uma vassourada na cabeça. “Parece tropa de assalto. Já houve várias vezes em São Paulo. O PT tem tropa de choque, é automático. Não sei se foi de propósito ou não. Lembra da tropa de choque nazista? Isso é típico de movimentos fascistas”, disse Serra, que chegou a interromper a caminhada.
A confusão começou pouco depois da chegada de José Serra a Campo Grande. O candidato chegou a caminhar por cerca de cinco minutos, mas foi cercado por manifestantes com cartazes com ofensas a ele – em alguns deles era chamado de “assassino” – e bandeiras do PT. Um grupo de cerca de 30 pastores da Assembléia de Deus improvisou um cordão de isolamento para proteger o candidato, mas a confusão já tinha se espalhado.
Comerciantes fecharam as portas e manifestantes atacaram a comitiva de Serra com bandeiradas e arremessando objetos. Chegaram a ser lançadas pedras contra a van em que estavam Serra e o candidato a vice, Índio da Costa.
Depois de atingido na cabeça, José Serra chegou a interromper a caminhada e entrou na van, mas poucos metros à frente desembarcou e voltou a andar a pé. O estrago, no entanto, estava feito. Com clima tenso, militantes acuados, a agenda na zona oeste do Rio perdeu o tom amistoso que marcou a campanha até então.
Uma mulher que fazia compras no calçadão afirmou ter ouvido dos manifestantes petistas que o movimento foi contratado. “Fui apanhada de surpresa. Passaram e me empurraram. Perguntei se precisavam fazer daquele jeito e um deles me respondeu: estamos sendo pagos para isso, para dar porrada”, disse a auxiliar de enfermagem Marcelhe Mattos, de 35 anos.
Ao tentar defender o candidato o pastor Paulo Cesar Gomes, 59 anos, foi ferido na cabeça por um cabo de vassoura. “Tentei interferir e levei a pior. Tomei uma vassourada”, contou.
Os nazistas estão nas ruas! Serra é atacado no Rio. O chefe da facção é o presidente da República
Quando aquele grupo de fascistas foi constranger os donos da gráfica Pana — que imprimia o material da Diocese de Guarulhos e que também havia trabalhado para petistas —, afirmei que as tropas de assalto dos nazistas estavam nas ruas; comparei a ação do grupo aos métodos da Sturmabteilung, a SA de Ernst Röhm, do tempo em que o nazismo não havia ainda se profissionalizado. Exagero? Eu apenas submeto a uma projeção aquilo que no petismo é ainda incipiente, imaginando, a partir de dados que eles próprios me fornecem , até onde podem chegar.
Hoje, um destacamento da Sturmabteilung (SA) agrediu o tucano José Serra. Agressão física mesmo! O candidato caminhava com partidários e aliados pelo calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, quando se deparou com um grupo de militantes petistas, organizado com a finalidade exclusiva de constranger os tucanos e lhes tirar o direito constitucional de ir e vir. O pessoal da SA tentou impedir a passagem da social-democracia. Houve enfrentamento. Uma bobina de papel atingiu a cabeça de Serra, que chegou a ficar um pouco zonzo e teve de ser atendido no hospital Sorocaba. Pedras foram lançadas contra o grupo, que era acompanhado por repórter que cobriam a caminhada.
Quem é o (i)rresponsável por isso? Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da República, cuja retórica de palanque simula uma guerra. Foi ele que, ao abandonar qualquer princípio de decoro a que sua condição obriga, ao renunciar à liturgia própria do cargo para se dedicar à campanha eleitoral mais rasteira, arrastou a disputa para o confronto de rua. Com uma diferença: só os seus brutamontes agridem.
Hoje, exercendo o seu papel predileto, o de vítima, Lula anunciou que a Polícia Federal está investigando ligações de telemarketing contra Dilma. Espero que a PF não esteja, também ela, a serviço do PT. Ou Lula não vai pedir que a polícia investigue os panfletos apócrifos contra Mônica Serra encontrados no QG petista?
Recorrendo à única metáfora em que consegue se expressar com alguma clareza teórica, afirmou: “O jogador que quer disputar um título mundial, ele não vai ficar rebolando dentro do campo. Ele vai jogar para marcar gol. Ele vai tirar a bola do adversário. Agora, isso tem de ser feito, mas o baixo nível que a campanha está tomando é uma coisa”. Não sei o que quer dizer direito, mas o certo é que esse jogo não supõe tentar quebrar a cabeça do adversário.
A retórica do presidente sempre foi e continua a ser a de um chefe de facção. E sua tropa de choque está nas ruas obedecendo, na prática, ao comando do chefe.
Por Reinaldo Azevedo
PAUTA DO PROGRAMA OPINIÃO
diario.com: Ato em prol de Paulo Rubem reacende discussão da Ficha Limpa
Uma manifestação, que reuniu mais de cem pessoas, em solidariedade ao deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT) aconteceu na tarde desta terça-feira (19), em frente ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco. O motivo: uma ironia do destino. O petebista é um dos autores da Lei da Ficha Limpa e, apesar de ter sido reeleito com 41.728 votos, está com sua vaga ameaçada por um candidato considerado “ficha suja”, que recebeu 46.267 votos.
O candidato em questão é o ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe José Augusto Maia (PTB), que teve sua candidatura impugnada por unanimidade pelo TRE devido às contas rejeitadas pelo Tribunal Contas do Estado (TCE) e pela Câmara do município, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Ministério Público Federal também negou provimento a candidatura de Maia, mas a situação dele ainda pode ser revertida, caso os vereadores de Santa Cruz do Capibaribe retrocedam da decisão e aprovem as contas do ex-gestor.
“Não seria justo assistirmos ao que está acontecendo e não nos mobilizar por esta causa, não só por Paulo Rubem, um deputado de credibilidade, mas também pela ética na política”, afirmou Carlos Cardoso Filho da Associação Pernambucana dos Fiscos Municipais (Apefisco) e um dos organizadores do ato. O deputado Paulo Rubem afirmou que vê esta questão “como um segundo turno” e considerou o recurso do ex-prefeito como uma manobra política.
”As manobras dele (José Augusto Maia) estão sendo interpretadas pela Procuradoria da República como uma chicana, um deboche contra a Justiça Eleitoral. Por que ele só apresentou o decreto depois que foi impugnado? A população de Santa Cruz do Capibaribe não quer que um ficha suja represente seu município. Temos certeza que vamos manter a titularidade do mandato e, mais importante, a vigência e a compreensão que a lei da Ficha Limpa vale para estas eleições. Quem é corrupto, quem trai o voto do povo, não pode ter representação política no parlamento”, desabafou o pedetista.
folha.com: Polícia Federal liga quebra de sigilo à pré-campanha de Dilma
Investigação da Polícia Federal fez conexão entre a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB) e o dossiê preparado pelo chamado "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
A PF já descobriu quem encomendou as informações: o jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao "grupo de inteligência".
Também identificou o homem que intermediou a compra dos dados obtidos ilegalmente em agências da Receita no Estado de São Paulo. Trata-se do despachante Dirceu Rodrigues Garcia.
O elo foi estabelecido a partir do levantamento de ligações entre o despachante e o jornalista revelado pelo cruzamento de extratos telefônicos obtidos pela PF com autorização judicial.
O uso de informações confidenciais de tucanos no dossiê petista foi revelado pela Folha em junho. Ribeiro Jr. não foi indiciado até o momento.
estadao.com: Promotor denuncia tesoureiro do PT por crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
O promotor de Justiça José Carlos Blat (anunciou ontem), perante a CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo que denunciou criminalmente à Justiça o tesoureiro do PT João Vaccari Neto por supostos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Blat informou aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga fraudes na Cooperativa Habitacional dos Bancários de SP, criada por um núcleo do PT na década de 1990. Ele também requereu a quebra de sigilo bancário e fiscal de Vaccari. A denúncia do promotor foi protocolada às 10h57 e será analisada pela 5ª Vara Criminal da capital paulista.
Vaccari foi diretor-administrativo da Bancoop e presidiu a cooperativa até março passado, quando afastou-se do cargo para assumir a função de tesoureiro do PT. O promotor investiga o caso Bancoop desde 2007. Na denúncia que apresentou hoje (ontem) à Justiça, ele aponta “negócios escusos da Bancoop, durante a gestão Vaccari neto, inclusive relacionados a campanhas eleitorais”.
Blat suspeita que recursos que teriam sido desviados da cooperativa abasteceram campanhas do PT. Segundo ele, a empresa Germany, fornecedora da Bancoop teria movimentado R$ 50 milhões por meio de caixa 2.
Jornal do Commércio: Cúpula petista se irrita com Protógenes
A cúpula da campanha da petista Dilma Rousseff decidiu enquadrar ontem o deputado federal eleito Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Integrantes do PT chegaram a telefonar para dirigentes comunistas para tomar satisfação em relação às declarações de Protógenes, delegado da Polícia Federal, que afirmou ser “peça-chave” da campanha de Dilma. Ao jornal Folha de S.Paulo, ele afirmou que estaria abastecendo a coordenação de campanha com informações.
A posição pública de Protógenes causou grande desconforto ao PT e o líder do governo e coordenador da campanha, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi escalado para desmentir Protógenes. Segundo Vaccarezza, a presença de Protógenes no debate da RedeTV, domingo, ocorreu depois de um pedido de convite feito pelo PCdoB.
A contrariedade maior entre petistas é de que nesta reta final PROTÓGENES pode acabar recuperando a agenda negativa de que havia um núcleo de inteligência da campanha petista para fazer dossiê. Protógenes chefiou a primeira fase da Operação Satiagraha, que apurou supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas. Na ocasião, ele foi afastado e chegou a ser alvo de inquérito da PF para apurar desvios cometidos à frente da operação.
No debate de domingo, Protógenes estava com uma pasta preta e chegou a passar um papel para o deputado Antonio Palocci (PT-SP). Mas o líder do governo foi enfático ao afirmar que Protógenes não será mais convidado para os próximos debates.
Revista Época: Presidente do PSDB ataca o Vox Populi
O presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), reagiu duramente nesta terça-feira (19) ao resultado da pesquisa eleitoral divulgada pelo Vox Populi, que mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, 14 pontos à frente do tucano José Serra se levados em conta os votos válidos. Para Guerra, que também é coordenador de campanha de Serra, o instituto está “a serviço” do PT.
“Não é possível aceitar calado os números de quem faz campanha para o PT e deixar que eles atuem impunemente”, disse Guerra, que classificou o levantamento como “sem vergonha”. O senador tucano afirmou que o Vox Populi estaria engendrando uma fraude e atacou o presidente do instituto. “Marcos Coimbra não vai eleger presidente. Ele não é o povo”, afirmou. O Vox Populi ainda não se manifestou sobre as declarações de Guerra.
O temor do PSDB tem a ver com o fato conhecido de que as pesquisas eleitorais influenciam os votos.
O Globo: José Padilha, diretor de 'Tropa de elite', nega ter assinado manifesto de apoio a Dilma Rousseff
O cineasta José Padilha, diretor do filme "Tropa de elite 2", negou em nota nesta terça-feira que tenha assinado manifesto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff, conforme foi divulgado pela campanha do PT em evento da candidata com artistas e intelectuais no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira. Na ocasião, o nome dele foi lido como um dos que declararam apoio à campanha petista. No manifesto, José Padilha aparece em destaque, entre os primeiros cem da lista de artistas e intelectuais.
Em nota divulgada no site oficial do filme "Tropa de elite 2" , o cineasta lamentou a falta de crítica e de compromisso com a verdade dos dois lados desta campanha presidencial, o que chamou de um desrespeito ao eleitor brasileiro.
Folha de São Paulo: PT acena bandeira branca a tucanos: esquecer Paulo Preto
Embora aposte nos dividendos eleitorais do caso Paulo Preto, pedra no sapato de José Serra, a campanha de Dilma Rousseff teme ressuscitar o assunto Castelo de Areia, operação que atinge o ex-diretor da Dersa e outros tucanos, mas tem também potencial de dano para a aliança PT-PMDB. Dois exemplos: Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci e diretor da Eletronorte, é citado no relatório da PF, e o nome do vice Michel Temer apareceria em planilha apreendida na casa de executivo da Camargo Corrêa.
Na tentativa de evitar retaliações, emissários foram enviados ao QG serrista para dizer que Paulo Preto sumirá do programa de TV. Ontem, isso aconteceu.Os encarregados de tentar acalmar a campanha de Serra esqueceram de combinar "com os russos". Embora ausente do programa de Dilma, o caso Paulo Preto segue no ar em inserção da campanha petista. Suspenso pelo TSE, o comercial incorporou o termo "suposto" à acusação de caixa-dois.
Uma manifestação, que reuniu mais de cem pessoas, em solidariedade ao deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT) aconteceu na tarde desta terça-feira (19), em frente ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco. O motivo: uma ironia do destino. O petebista é um dos autores da Lei da Ficha Limpa e, apesar de ter sido reeleito com 41.728 votos, está com sua vaga ameaçada por um candidato considerado “ficha suja”, que recebeu 46.267 votos.
O candidato em questão é o ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe José Augusto Maia (PTB), que teve sua candidatura impugnada por unanimidade pelo TRE devido às contas rejeitadas pelo Tribunal Contas do Estado (TCE) e pela Câmara do município, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Ministério Público Federal também negou provimento a candidatura de Maia, mas a situação dele ainda pode ser revertida, caso os vereadores de Santa Cruz do Capibaribe retrocedam da decisão e aprovem as contas do ex-gestor.
“Não seria justo assistirmos ao que está acontecendo e não nos mobilizar por esta causa, não só por Paulo Rubem, um deputado de credibilidade, mas também pela ética na política”, afirmou Carlos Cardoso Filho da Associação Pernambucana dos Fiscos Municipais (Apefisco) e um dos organizadores do ato. O deputado Paulo Rubem afirmou que vê esta questão “como um segundo turno” e considerou o recurso do ex-prefeito como uma manobra política.
”As manobras dele (José Augusto Maia) estão sendo interpretadas pela Procuradoria da República como uma chicana, um deboche contra a Justiça Eleitoral. Por que ele só apresentou o decreto depois que foi impugnado? A população de Santa Cruz do Capibaribe não quer que um ficha suja represente seu município. Temos certeza que vamos manter a titularidade do mandato e, mais importante, a vigência e a compreensão que a lei da Ficha Limpa vale para estas eleições. Quem é corrupto, quem trai o voto do povo, não pode ter representação política no parlamento”, desabafou o pedetista.
folha.com: Polícia Federal liga quebra de sigilo à pré-campanha de Dilma
Investigação da Polícia Federal fez conexão entre a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB) e o dossiê preparado pelo chamado "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
A PF já descobriu quem encomendou as informações: o jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao "grupo de inteligência".
Também identificou o homem que intermediou a compra dos dados obtidos ilegalmente em agências da Receita no Estado de São Paulo. Trata-se do despachante Dirceu Rodrigues Garcia.
O elo foi estabelecido a partir do levantamento de ligações entre o despachante e o jornalista revelado pelo cruzamento de extratos telefônicos obtidos pela PF com autorização judicial.
O uso de informações confidenciais de tucanos no dossiê petista foi revelado pela Folha em junho. Ribeiro Jr. não foi indiciado até o momento.
estadao.com: Promotor denuncia tesoureiro do PT por crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
O promotor de Justiça José Carlos Blat (anunciou ontem), perante a CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo que denunciou criminalmente à Justiça o tesoureiro do PT João Vaccari Neto por supostos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Blat informou aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga fraudes na Cooperativa Habitacional dos Bancários de SP, criada por um núcleo do PT na década de 1990. Ele também requereu a quebra de sigilo bancário e fiscal de Vaccari. A denúncia do promotor foi protocolada às 10h57 e será analisada pela 5ª Vara Criminal da capital paulista.
Vaccari foi diretor-administrativo da Bancoop e presidiu a cooperativa até março passado, quando afastou-se do cargo para assumir a função de tesoureiro do PT. O promotor investiga o caso Bancoop desde 2007. Na denúncia que apresentou hoje (ontem) à Justiça, ele aponta “negócios escusos da Bancoop, durante a gestão Vaccari neto, inclusive relacionados a campanhas eleitorais”.
Blat suspeita que recursos que teriam sido desviados da cooperativa abasteceram campanhas do PT. Segundo ele, a empresa Germany, fornecedora da Bancoop teria movimentado R$ 50 milhões por meio de caixa 2.
Jornal do Commércio: Cúpula petista se irrita com Protógenes
A cúpula da campanha da petista Dilma Rousseff decidiu enquadrar ontem o deputado federal eleito Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Integrantes do PT chegaram a telefonar para dirigentes comunistas para tomar satisfação em relação às declarações de Protógenes, delegado da Polícia Federal, que afirmou ser “peça-chave” da campanha de Dilma. Ao jornal Folha de S.Paulo, ele afirmou que estaria abastecendo a coordenação de campanha com informações.
A posição pública de Protógenes causou grande desconforto ao PT e o líder do governo e coordenador da campanha, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi escalado para desmentir Protógenes. Segundo Vaccarezza, a presença de Protógenes no debate da RedeTV, domingo, ocorreu depois de um pedido de convite feito pelo PCdoB.
A contrariedade maior entre petistas é de que nesta reta final PROTÓGENES pode acabar recuperando a agenda negativa de que havia um núcleo de inteligência da campanha petista para fazer dossiê. Protógenes chefiou a primeira fase da Operação Satiagraha, que apurou supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas. Na ocasião, ele foi afastado e chegou a ser alvo de inquérito da PF para apurar desvios cometidos à frente da operação.
No debate de domingo, Protógenes estava com uma pasta preta e chegou a passar um papel para o deputado Antonio Palocci (PT-SP). Mas o líder do governo foi enfático ao afirmar que Protógenes não será mais convidado para os próximos debates.
Revista Época: Presidente do PSDB ataca o Vox Populi
O presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), reagiu duramente nesta terça-feira (19) ao resultado da pesquisa eleitoral divulgada pelo Vox Populi, que mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, 14 pontos à frente do tucano José Serra se levados em conta os votos válidos. Para Guerra, que também é coordenador de campanha de Serra, o instituto está “a serviço” do PT.
“Não é possível aceitar calado os números de quem faz campanha para o PT e deixar que eles atuem impunemente”, disse Guerra, que classificou o levantamento como “sem vergonha”. O senador tucano afirmou que o Vox Populi estaria engendrando uma fraude e atacou o presidente do instituto. “Marcos Coimbra não vai eleger presidente. Ele não é o povo”, afirmou. O Vox Populi ainda não se manifestou sobre as declarações de Guerra.
O temor do PSDB tem a ver com o fato conhecido de que as pesquisas eleitorais influenciam os votos.
O Globo: José Padilha, diretor de 'Tropa de elite', nega ter assinado manifesto de apoio a Dilma Rousseff
O cineasta José Padilha, diretor do filme "Tropa de elite 2", negou em nota nesta terça-feira que tenha assinado manifesto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff, conforme foi divulgado pela campanha do PT em evento da candidata com artistas e intelectuais no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira. Na ocasião, o nome dele foi lido como um dos que declararam apoio à campanha petista. No manifesto, José Padilha aparece em destaque, entre os primeiros cem da lista de artistas e intelectuais.
Em nota divulgada no site oficial do filme "Tropa de elite 2" , o cineasta lamentou a falta de crítica e de compromisso com a verdade dos dois lados desta campanha presidencial, o que chamou de um desrespeito ao eleitor brasileiro.
Folha de São Paulo: PT acena bandeira branca a tucanos: esquecer Paulo Preto
Embora aposte nos dividendos eleitorais do caso Paulo Preto, pedra no sapato de José Serra, a campanha de Dilma Rousseff teme ressuscitar o assunto Castelo de Areia, operação que atinge o ex-diretor da Dersa e outros tucanos, mas tem também potencial de dano para a aliança PT-PMDB. Dois exemplos: Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci e diretor da Eletronorte, é citado no relatório da PF, e o nome do vice Michel Temer apareceria em planilha apreendida na casa de executivo da Camargo Corrêa.
Na tentativa de evitar retaliações, emissários foram enviados ao QG serrista para dizer que Paulo Preto sumirá do programa de TV. Ontem, isso aconteceu.Os encarregados de tentar acalmar a campanha de Serra esqueceram de combinar "com os russos". Embora ausente do programa de Dilma, o caso Paulo Preto segue no ar em inserção da campanha petista. Suspenso pelo TSE, o comercial incorporou o termo "suposto" à acusação de caixa-dois.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
PAUTA DO PROGRAMA OPINIÃO
Vox Populi: Dilma 51%, Serra 39%, indecisos 4%
Pesquisa Vox Populi/iG divulgada nesta terça-feira mostra que a vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em relação ao tucano José Serra aumentou para 12 pontos percentuais.
Segundo o Vox Populi, Dilma tem 51% contra 39% de Serra. Na última pesquisa, realizada nos dias 10 e 11 de outubro, a vantagem era de 8 pontos (Dilma tinha 48% e Serra 40%). Os votos brancos e nulos permaneceram em 6% e os indecisos passaram de 6% para 4%.
Se forem considerados apenas os votos válidos (sem os brancos, nulos e indecisos) a vantagem subiu de 8 para 14 pontos. Dilma tinha 54% e passou para 57%. Serra caiu de 46% para 43%. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.
Estado de Minas: Jatene chega a 54% contra Ana Júlia no Pará
O candidato do PSDB ao governo do Pará, Simão Jatene, está na frente de sua adversária, a governadora Ana Júlia Carepa (PT), segundo a primeira pesquisa local do Ibope deste segundo turno encomendada pela TV Liberal, afiliada da Rede Globo. Jatene aparece com 60% dos votos válidos - sem computar os votos nulos brancos e indecisos -, contra 40% de Carepa.
Na pesquisa estimulada, em que entram os votos brancos e nulos, o tucano tem 54% da preferência dos eleitores, enquanto a governadora, que busca a reeleição, aparece com 36%. Votos em branco e nulos correspondem a 5% dos eleitores, o mesmo porcentual de eleitores indecisos. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
A pesquisa foi feita entre 812 eleitores de todas as regiões paraenses, e o período coincidiu com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, que fizeram comício em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, pedindo votos para Carepa.
estadao.com: Lula volta a atacar imprensa e vê 'covardia' na classe política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma de suas mais duras críticas à imprensa do País e um chamado aos políticos para que deixem de ser covardes e desafiem o setor. "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande", disse durante discurso no evento "As empresas mais admiradas no Brasil", organizado pela revista Carta Capital.
Lula disse que se orgulhava de nunca ter almoçado ou jantado em grandes redações, mas fazia isso por independência. "A única coisa que quero que digam é a verdade, sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Durante o discurso, ele disse que a imprensa acusa sem provas. "Neste país ser sério é uma afronta."
O presidente citou o caso do jornal da CUT, que foi proibido de circular nesta semana por estampar uma foto de Dilma Rousseff em sua capa. Sem citar o nome, mas claramente referindo-se à revista Veja, ele disse que a capa da revista era uma "acinte à democracia e uma hipocrisia".
O presidente Lula disse ainda que ao deixar a Presidência da República vai abandonar o "comedimento" que tem adotado em seus discursos.
folha.com: Gráfica de tucana fez panfletos anti-Dilma
A Polícia Federal apreendeu ontem, por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de 1 milhão de panfletos que pregam voto contra o PT devido à posição favorável à descriminalização do aborto.
A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi.
Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista. A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão dos panfletos atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou a impressão do material.
Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis".
folha.com: Banco do Brasil e Petrobras custeiam revista da CUT pró-Dilma
Proibida de circular pela Justiça Eleitoral pelo conteúdo favorável à campanha de Dilma Rousseff (PT), a edição deste mês da “Revista do Brasil”, vinculada à CUT (Central Única do Trabalhador), teve anúncios pagos por Petrobras e Banco do Brasil. A estatal e o banco confirmam que são anunciantes da revista, mas se recusaram a informar o valor repassado.
Ontem, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Joelson Dias determinou a interrupção da circulação da revista, cuja tiragem é de 360 mil exemplares mensais. O responsável pela publicação, Paulo Salvador, disse, porém, que todas as revistas já foram distribuídas. O entendimento do ministro é que a publicação faz defesa aberta da candidatura de Dilma. Pela Lei Eleitoral, sindicatos não podem contribuir direta ou indiretamente com campanhas políticas.
A edição barrada traz uma foto de Dilma na capa sob o título “A vez de Dilma - o país está bem perto de seguir mudando para melhor”. Há, inclusive, foto de Dilma cumprimentando Marina Silva (PV) em evento com o presidente Lula. Também inclui reportagem sobre a derrota de oposicionistas da “velha guarda” no Senado. Em meio à atual polêmica religiosa, a edição traz o bispo de Jales (SP), dom Demétrio Valentini, enaltecendo Lula e lembrando que Dilma é sua candidata.
O “conselho diretivo” da revista é formado por dirigentes da CUT e filiados ao PT, como o presidente da central, Artur Henrique, e Maria Izabel Noronha, a Bebel, que comandou greve de professores contra Serra.
Folha de São Paulo: Paulo Preto vai ao TSE contra programa do PT
O ex-diretor de engenharia da Dersa Paulo Vieira de Souza pedirá hoje ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) direito de resposta por conta do programa eleitoral veiculado ontem pela candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Nele, o engenheiro voltou a ser acusado de captar ilegalmente e fugir com R$ 4 milhões destinados à campanha de José Serra.
"Esta será apenas a primeira de uma série de medidas que tomaremos em defesa do meu cliente. Sempre que sua honra e reputação forem atingidas, não pensaremos duas vezes antes para agir", diz José Luiz Oliveira Lima, advogado de Souza.
Dilma também será alvo de queixa-crime, sob acusação de ter caluniado e difamado Souza com as afirmações que fez contra ele nos debates da TV Bandeirantes e Folha/Rede TV!.
Segundo Oliveira Lima, também serão alvo de queixa-crime de Souza o deputado estadual Antonio Mentor (PT) e as revistas "IstoÉ" e "Carta Capital", que fizeram reportagens sobre o caso.
Ouvido ontem pela Folha, Mentor reconstruiu em parte suas declarações e levantou a possibilidade de um mal entendido: "A revista pode ter feito uma interpretação equivocada sobre essa fala".
estadao.com: CNBB no Rio recomenda voto em quem 'defende a vida'
No mesmo dia em que a candidata Dilma Rousseff receberia um manifesto de apoio com mais de 600 assinaturas de religiosos de diferentes igrejas, a Regional Leste 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - que engloba os 21 bispos do Estado do Rio de Janeiro - divulgou nova nota oficial recomendando o voto em quem "defendeu e defende o valor da vida desde a sua concepção até o seu término natural com a morte".
Segundo assessores da arquidiocese, a divulgação da nota assinada pelos bispos Dom Rafael Llano Cifuentes (Nova Friburgo), Dom José Ubiratan Lopes (Itaguaí) e Dom Filippo Santoro (Petrópolis) já estava prevista há tempos para ocorrer hoje.
A nota insiste que a "Igreja católica não tem partido ou candidato próprios" mas, "incentiva, agora mais do que nunca, a dar o voto a quem respeita os princípios éticos e os critérios da Moral Católica, indicados na Doutrina Social da Igreja".
Apesar de os bispos dizerem que a Igreja é apartidária, a nota volta a criticar a 3ª versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, ou seja, a apresentada pelo governo Lula. Para os bispos, de nada adiantou o governo modificar o plano retirando a proposta da legalização do aborto porque, segundo eles, "foi falaciosamente indicada como questão de saúde pública".
G1: 'Não deem seu voto à Sra. Dilma Rousseff', diz bispo em jornal católico
Em texto publicado na edição deste mês da "Folha Diocesana", jornal da Arquidiocese de Guarulhos (SP), o bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini pede aos leitores que não votem na candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
"Não reformo ou 'mascaro' a verdade. Não altero quanto eu já escrevi a respeito da defesa da vida para agradar a outros ou esconder a verdade. Reafirmo o que em artigos anteriores escrevi e mantenho. Não Votem em Candidatos ou Partidos que Apoiam o Aborto. Reafirmo o que antes disse no meu primeiro artigo acima citado: Não deem seu voto à Sra. Dilma Rousseff", afirma dom Luiz Bergonzini no texto do editorial, intitulado "Autenticidade e coerência".
Com tiragem de 28 mil exemplares, segundo o expediente da publicação, o jornal é distribuído nas paróquias e em missas nas igrejas da cidade. Na página 11 da mesma edição, o artigo "Os Cristãos, o PT e a liberdade de consciência", assinado pelo padre Berardo Graz, membro da Comissão de Defesa da Vida da Diocese de Guarulhos, aborda a questão do aborto e critica o PT.
Pesquisa Vox Populi/iG divulgada nesta terça-feira mostra que a vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em relação ao tucano José Serra aumentou para 12 pontos percentuais.
Segundo o Vox Populi, Dilma tem 51% contra 39% de Serra. Na última pesquisa, realizada nos dias 10 e 11 de outubro, a vantagem era de 8 pontos (Dilma tinha 48% e Serra 40%). Os votos brancos e nulos permaneceram em 6% e os indecisos passaram de 6% para 4%.
Se forem considerados apenas os votos válidos (sem os brancos, nulos e indecisos) a vantagem subiu de 8 para 14 pontos. Dilma tinha 54% e passou para 57%. Serra caiu de 46% para 43%. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.
Estado de Minas: Jatene chega a 54% contra Ana Júlia no Pará
O candidato do PSDB ao governo do Pará, Simão Jatene, está na frente de sua adversária, a governadora Ana Júlia Carepa (PT), segundo a primeira pesquisa local do Ibope deste segundo turno encomendada pela TV Liberal, afiliada da Rede Globo. Jatene aparece com 60% dos votos válidos - sem computar os votos nulos brancos e indecisos -, contra 40% de Carepa.
Na pesquisa estimulada, em que entram os votos brancos e nulos, o tucano tem 54% da preferência dos eleitores, enquanto a governadora, que busca a reeleição, aparece com 36%. Votos em branco e nulos correspondem a 5% dos eleitores, o mesmo porcentual de eleitores indecisos. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
A pesquisa foi feita entre 812 eleitores de todas as regiões paraenses, e o período coincidiu com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, que fizeram comício em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, pedindo votos para Carepa.
estadao.com: Lula volta a atacar imprensa e vê 'covardia' na classe política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma de suas mais duras críticas à imprensa do País e um chamado aos políticos para que deixem de ser covardes e desafiem o setor. "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande", disse durante discurso no evento "As empresas mais admiradas no Brasil", organizado pela revista Carta Capital.
Lula disse que se orgulhava de nunca ter almoçado ou jantado em grandes redações, mas fazia isso por independência. "A única coisa que quero que digam é a verdade, sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Durante o discurso, ele disse que a imprensa acusa sem provas. "Neste país ser sério é uma afronta."
O presidente citou o caso do jornal da CUT, que foi proibido de circular nesta semana por estampar uma foto de Dilma Rousseff em sua capa. Sem citar o nome, mas claramente referindo-se à revista Veja, ele disse que a capa da revista era uma "acinte à democracia e uma hipocrisia".
O presidente Lula disse ainda que ao deixar a Presidência da República vai abandonar o "comedimento" que tem adotado em seus discursos.
folha.com: Gráfica de tucana fez panfletos anti-Dilma
A Polícia Federal apreendeu ontem, por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de 1 milhão de panfletos que pregam voto contra o PT devido à posição favorável à descriminalização do aborto.
A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi.
Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista. A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão dos panfletos atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou a impressão do material.
Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis".
folha.com: Banco do Brasil e Petrobras custeiam revista da CUT pró-Dilma
Proibida de circular pela Justiça Eleitoral pelo conteúdo favorável à campanha de Dilma Rousseff (PT), a edição deste mês da “Revista do Brasil”, vinculada à CUT (Central Única do Trabalhador), teve anúncios pagos por Petrobras e Banco do Brasil. A estatal e o banco confirmam que são anunciantes da revista, mas se recusaram a informar o valor repassado.
Ontem, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Joelson Dias determinou a interrupção da circulação da revista, cuja tiragem é de 360 mil exemplares mensais. O responsável pela publicação, Paulo Salvador, disse, porém, que todas as revistas já foram distribuídas. O entendimento do ministro é que a publicação faz defesa aberta da candidatura de Dilma. Pela Lei Eleitoral, sindicatos não podem contribuir direta ou indiretamente com campanhas políticas.
A edição barrada traz uma foto de Dilma na capa sob o título “A vez de Dilma - o país está bem perto de seguir mudando para melhor”. Há, inclusive, foto de Dilma cumprimentando Marina Silva (PV) em evento com o presidente Lula. Também inclui reportagem sobre a derrota de oposicionistas da “velha guarda” no Senado. Em meio à atual polêmica religiosa, a edição traz o bispo de Jales (SP), dom Demétrio Valentini, enaltecendo Lula e lembrando que Dilma é sua candidata.
O “conselho diretivo” da revista é formado por dirigentes da CUT e filiados ao PT, como o presidente da central, Artur Henrique, e Maria Izabel Noronha, a Bebel, que comandou greve de professores contra Serra.
Folha de São Paulo: Paulo Preto vai ao TSE contra programa do PT
O ex-diretor de engenharia da Dersa Paulo Vieira de Souza pedirá hoje ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) direito de resposta por conta do programa eleitoral veiculado ontem pela candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Nele, o engenheiro voltou a ser acusado de captar ilegalmente e fugir com R$ 4 milhões destinados à campanha de José Serra.
"Esta será apenas a primeira de uma série de medidas que tomaremos em defesa do meu cliente. Sempre que sua honra e reputação forem atingidas, não pensaremos duas vezes antes para agir", diz José Luiz Oliveira Lima, advogado de Souza.
Dilma também será alvo de queixa-crime, sob acusação de ter caluniado e difamado Souza com as afirmações que fez contra ele nos debates da TV Bandeirantes e Folha/Rede TV!.
Segundo Oliveira Lima, também serão alvo de queixa-crime de Souza o deputado estadual Antonio Mentor (PT) e as revistas "IstoÉ" e "Carta Capital", que fizeram reportagens sobre o caso.
Ouvido ontem pela Folha, Mentor reconstruiu em parte suas declarações e levantou a possibilidade de um mal entendido: "A revista pode ter feito uma interpretação equivocada sobre essa fala".
estadao.com: CNBB no Rio recomenda voto em quem 'defende a vida'
No mesmo dia em que a candidata Dilma Rousseff receberia um manifesto de apoio com mais de 600 assinaturas de religiosos de diferentes igrejas, a Regional Leste 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - que engloba os 21 bispos do Estado do Rio de Janeiro - divulgou nova nota oficial recomendando o voto em quem "defendeu e defende o valor da vida desde a sua concepção até o seu término natural com a morte".
Segundo assessores da arquidiocese, a divulgação da nota assinada pelos bispos Dom Rafael Llano Cifuentes (Nova Friburgo), Dom José Ubiratan Lopes (Itaguaí) e Dom Filippo Santoro (Petrópolis) já estava prevista há tempos para ocorrer hoje.
A nota insiste que a "Igreja católica não tem partido ou candidato próprios" mas, "incentiva, agora mais do que nunca, a dar o voto a quem respeita os princípios éticos e os critérios da Moral Católica, indicados na Doutrina Social da Igreja".
Apesar de os bispos dizerem que a Igreja é apartidária, a nota volta a criticar a 3ª versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, ou seja, a apresentada pelo governo Lula. Para os bispos, de nada adiantou o governo modificar o plano retirando a proposta da legalização do aborto porque, segundo eles, "foi falaciosamente indicada como questão de saúde pública".
G1: 'Não deem seu voto à Sra. Dilma Rousseff', diz bispo em jornal católico
Em texto publicado na edição deste mês da "Folha Diocesana", jornal da Arquidiocese de Guarulhos (SP), o bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini pede aos leitores que não votem na candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
"Não reformo ou 'mascaro' a verdade. Não altero quanto eu já escrevi a respeito da defesa da vida para agradar a outros ou esconder a verdade. Reafirmo o que em artigos anteriores escrevi e mantenho. Não Votem em Candidatos ou Partidos que Apoiam o Aborto. Reafirmo o que antes disse no meu primeiro artigo acima citado: Não deem seu voto à Sra. Dilma Rousseff", afirma dom Luiz Bergonzini no texto do editorial, intitulado "Autenticidade e coerência".
Com tiragem de 28 mil exemplares, segundo o expediente da publicação, o jornal é distribuído nas paróquias e em missas nas igrejas da cidade. Na página 11 da mesma edição, o artigo "Os Cristãos, o PT e a liberdade de consciência", assinado pelo padre Berardo Graz, membro da Comissão de Defesa da Vida da Diocese de Guarulhos, aborda a questão do aborto e critica o PT.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Dilma e o aborto - por Carlos Alberto Di Franco
Setembro. Reta final das eleições. A ameaça de segundo turno fez a campanha da candidata oficial reforçar a mobilização nos Estados e acionar o presidente Lula como vacina “contra uma onda de boatos que circulou entre católicos e evangélicos.” Os supostos “boatos”, que fizeram Lula gravar uma inserção de emergência em defesa de sua candidata, não eram boatos. Eram fatos evidentes: a postura pró-aborto de Dilma Rousseff.
Mas vamos aos fatos. Dilma em sabatina no jornal Folha de S.Paulo e em entrevista à revista Marie Claire em 2007 defendeu a legalização do aborto. Reproduzo suas palavras: “Acho que tem de haver descriminalização do aborto. No Brasil é um absurdo que não haja”. Logo, não se trata de boato, invenção ou terrorismo fundamentalista. Dilma mudou seu discurso quando passou a vislumbrar os riscos eleitorais de sua opção. Ela deixou de falar da legalização e, ambiguamente, diz que se trata de problema de “saúde pública”. Esconde sua verdadeira posição e não diz uma única palavra sobre a principal vítima do aborto: a criança morta no ventre materno. O PT, após o recado das urnas e num exercício incrível de hipocrisia, estuda tirar o aborto de seu programa. O eleitor não é tonto.
O jornalimo de qualidade não pode se restringir às declarações dos politicos, mas à verdade dos fatos. O que interessa não é o que a Dilma diz, mas o que ela fez e, presumivelmente, fará como presidente da República. Vamos ver o que o atual governo, seu partido e sua candidata têm feito em matéria de aborto.
Em abril de 2005, no 2.º Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto.
Em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher.
Em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Polítíca das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime.
Em setembro de 2006, no plano de governo do segundo mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto.
Em setembro de 2007, no seu 3º Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa.
Em setembro de 2009, o PT puniu os deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto. Foram expulsos do partido.
Em fevereiro de 2010, o 4.º Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto n.º 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, além de atacar a liberdade de imprensa. Este mesmo Congresso aclamou a ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República.
Em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto.
São fatos comprováveis. Só fatos. Você, amigo leitor, ainda acha que estamos diante de boatos?
A legalização do aborto, independentemente da dissimulação de Dilma Rossefff, é prioridade do PT. Os eleitores, no primeiro turno, disseram não à tentativa de camuflar a opção abortista do PT. O brasileiro está cansado de falsidade e de jogo duplo.
Carlos Alberto Di Franco é diretor do Master em Jornalismo e professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra.
Mas vamos aos fatos. Dilma em sabatina no jornal Folha de S.Paulo e em entrevista à revista Marie Claire em 2007 defendeu a legalização do aborto. Reproduzo suas palavras: “Acho que tem de haver descriminalização do aborto. No Brasil é um absurdo que não haja”. Logo, não se trata de boato, invenção ou terrorismo fundamentalista. Dilma mudou seu discurso quando passou a vislumbrar os riscos eleitorais de sua opção. Ela deixou de falar da legalização e, ambiguamente, diz que se trata de problema de “saúde pública”. Esconde sua verdadeira posição e não diz uma única palavra sobre a principal vítima do aborto: a criança morta no ventre materno. O PT, após o recado das urnas e num exercício incrível de hipocrisia, estuda tirar o aborto de seu programa. O eleitor não é tonto.
O jornalimo de qualidade não pode se restringir às declarações dos politicos, mas à verdade dos fatos. O que interessa não é o que a Dilma diz, mas o que ela fez e, presumivelmente, fará como presidente da República. Vamos ver o que o atual governo, seu partido e sua candidata têm feito em matéria de aborto.
Em abril de 2005, no 2.º Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto.
Em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher.
Em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Polítíca das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime.
Em setembro de 2006, no plano de governo do segundo mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto.
Em setembro de 2007, no seu 3º Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa.
Em setembro de 2009, o PT puniu os deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto. Foram expulsos do partido.
Em fevereiro de 2010, o 4.º Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto n.º 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, além de atacar a liberdade de imprensa. Este mesmo Congresso aclamou a ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República.
Em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto.
São fatos comprováveis. Só fatos. Você, amigo leitor, ainda acha que estamos diante de boatos?
A legalização do aborto, independentemente da dissimulação de Dilma Rossefff, é prioridade do PT. Os eleitores, no primeiro turno, disseram não à tentativa de camuflar a opção abortista do PT. O brasileiro está cansado de falsidade e de jogo duplo.
Carlos Alberto Di Franco é diretor do Master em Jornalismo e professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra.
PAUTA DO PROGRAMA OPINIÃO
Jornal do Commércio: Maiores polêmicas ficam de fora
A duas semanas da eleição, os temas polêmicos – como aborto, religião e união entre pessoas do mesmo sexo – ficaram de fora do debate RedeTV!/Folha de S. Paulo entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), ontem, apesar de serem exaustivamente explorados nos programas eleitorais. Cautelosos, os dois preferiram outros assuntos e, em várias ocasiões, evitaram responder direta e objetivamente a pergunta do adversário.
Líder nas pesquisas, Dilma se esforçou para carimbar no tucano a pecha de privatista, insistindo na ideia de que o tucano não quer que a Petrobras compre a empresa Gas Brasiliano. Já Serra abordou um leque maior de assuntos. Nas vezes que foi ao ataque, citou as irregularidades na Casa Civil, sob o comando da ex-ministra Erenice Guerra, sucessora e ex-braço direito de Dilma. Mas não deu a mesma ênfase utilizada no guia tucano.
iG: Dilma tem 47%, Serra 41%, diz pesquisa Datafolha
Os novos números da pesquisa Datafolha sobre o segundo turno das eleições presidenciais aponta que a candidata do PT, Dilma Rousseff, continua à frente de José Serra (PSDB). A petista tem 47% das intenções de voto, enquanto o tucano tem 41%.
Quando são considerados apenas os votos válidos, que desconsideram votos nulos, brancos e indecisos, Dilma tem 54% e Serra 46%.
O Datafolha apurou ainda que 8% dos entrevistados se declaram indecisos, enquanto 4% dizem que votará nulo ou em branco no pleito de 31 de outubro.
O cenário é o mesmo da primeiro pesquisa após o primeiro turno. Dilma oscilou um ponto negativamente, mas dentro da margem de erro da pesquisa. O mesmo aconteceu entre os eleitores indecisos, que na semana passado eram 7% e hoje passaram a 8% do total de entrevistados pelo instituto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Folha de Pernambuco: Mendonça de olho "em alguns aliados que gostam de desagregar"
Mesmo com o ambiente de união e engajamento, entre oposicionistas, nesta fase complementar, o deputado federal eleito Mendonça Filho (DEM) não fechou os olhos para “alguns (aliados) que gostam de desagregar”. Mendonça fez observações mais duras sobre os planos do comando da campanha de levar Serra a Carpina, para onde o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) não iria, já que o prefeito Manoel Botafogo é um dos tucanos que trabalhou pela reeleição do governador Eduardo Campos (PSB).
“Espero discutir com a coordenação. Vamos ouvir quem trabalha. A vinda de Serra aqui tem que ser fator de agregação, não como querem alguns que gostam de desagregar. Não é só o PSDB que apoia Serra”, advertiu. O comentário foi feito após ser indagado sobre a concepção de alguns tucanos, nos bastidores, de que um evento com a presença de Jarbas poderia distanciar os prefeitos tucanos que votam em Serra, aliados de Eduardo Campos.
“Quem disser isso é um desrespeito. Respeitem a história de Jarbas. Ele foi levado à disputa com missão de abrir palanque para Serra. Tem gente que aumenta ou diminui a adesão à campanha pelos índices de pesquisas”, alfinetou.
Blog do Inaldo Sampaio: Eduardo reúne deputados da Frente Popular para pedir-lhes empenho na campanha de Dilma
Está marcado para as 12h30, desta segunda-feira, na churrascaria Sal e Brasa, na Avenida Recife, o almoço do governador Eduardo Campos com todos os deputados eleitos e não eleitos da Frente Popular.
O governador vai pedir o empenho de cada um em favor de Dilma, que está enfrentando uma eleição duríssima contra o tucano José Serra.
Vão estar presentes a este almoço os senadores eleitos Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB), o prefeito em exercício do Recife, Milton Coelho, e o coordenador regional da campanha de Dilma, João Paulo (PT).
G1: Marina Silva e PV anunciam posição de 'independência' no segundo turno
A senadora Marina Silva e Partido Verde anunciaram neste domingo posição de "independência" em relação à disputa do segundo turno da eleição presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
No primeiro turno, Marina, candidata a presidente pelo PV, obteve 19,6 milhões de votos, quase 20% dos votos válidos. O apoio dela e do PV era cobiçado por Dilma e por Serra, que enviaram cartas à senadora destacando afinidades entre pontos dos planos de governo.
Durante a reunião plenária do PV neste domingo em São Paulo que decidiu pela 'independência', Marina leu uma carta aberta a Dilma e Serra, em que afirma que essa é posição que melhor pode contribuir para o processo eleitoral.
"Quero afirmar que o fato de não ter optado por uma alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha. Creio mesmo que uma posição de independência, reafirmando ideías e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro", diz a carta lida pela candidata.
Em discurso, a ex-presidenciável fez críticas ao que chamou de uma "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB, comparada por ela às oposições entre MDB e Arena no regime militar e a republicanos e monarquistas no período imperial.
folha.com: PF apreende panfletos anti-Dilma encomendados por diocese de Guarulhos
A Polícia Federal apreendeu neste domingo cerca de 1 milhão de panfletos assinados por um braço da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) recomendando voto contra a presidenciável Dilma Rousseff (PT) por conta da questão do aborto.
A apreensão em uma gráfica no bairro do Cambuci, região sudeste da capital paulista, foi determinada pelo ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Henrique Neves a pedido do PT. O processo corre em segredo de justiça.
Os panfletos foram encomendados pela Mitra Diocesana de Guarulhos. Kelmon Luís Souza, católico ortodoxo, disse ontem que encomendou, desde setembro, 20 milhões de panfletos em gráficas de São Paulo a pedido da diocese.
Parte dos panfletos, que reproduz um "apelo a brasileiros e brasileiras" para que os eleitores não votem em quem é a favor da descriminalização do aborto, é assinado pela Regional Sul I da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), responsável pelo Estado de SP.
A gráfica com 1 milhão de panfletos foi descoberta ontem pelo PT de São Paulo. De acordo com o contador da gráfica Paulo Ogawa, foram encomendados 2,1 milhões de panfletos nos dois turnos das eleições.
A duas semanas da eleição, os temas polêmicos – como aborto, religião e união entre pessoas do mesmo sexo – ficaram de fora do debate RedeTV!/Folha de S. Paulo entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), ontem, apesar de serem exaustivamente explorados nos programas eleitorais. Cautelosos, os dois preferiram outros assuntos e, em várias ocasiões, evitaram responder direta e objetivamente a pergunta do adversário.
Líder nas pesquisas, Dilma se esforçou para carimbar no tucano a pecha de privatista, insistindo na ideia de que o tucano não quer que a Petrobras compre a empresa Gas Brasiliano. Já Serra abordou um leque maior de assuntos. Nas vezes que foi ao ataque, citou as irregularidades na Casa Civil, sob o comando da ex-ministra Erenice Guerra, sucessora e ex-braço direito de Dilma. Mas não deu a mesma ênfase utilizada no guia tucano.
iG: Dilma tem 47%, Serra 41%, diz pesquisa Datafolha
Os novos números da pesquisa Datafolha sobre o segundo turno das eleições presidenciais aponta que a candidata do PT, Dilma Rousseff, continua à frente de José Serra (PSDB). A petista tem 47% das intenções de voto, enquanto o tucano tem 41%.
Quando são considerados apenas os votos válidos, que desconsideram votos nulos, brancos e indecisos, Dilma tem 54% e Serra 46%.
O Datafolha apurou ainda que 8% dos entrevistados se declaram indecisos, enquanto 4% dizem que votará nulo ou em branco no pleito de 31 de outubro.
O cenário é o mesmo da primeiro pesquisa após o primeiro turno. Dilma oscilou um ponto negativamente, mas dentro da margem de erro da pesquisa. O mesmo aconteceu entre os eleitores indecisos, que na semana passado eram 7% e hoje passaram a 8% do total de entrevistados pelo instituto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Folha de Pernambuco: Mendonça de olho "em alguns aliados que gostam de desagregar"
Mesmo com o ambiente de união e engajamento, entre oposicionistas, nesta fase complementar, o deputado federal eleito Mendonça Filho (DEM) não fechou os olhos para “alguns (aliados) que gostam de desagregar”. Mendonça fez observações mais duras sobre os planos do comando da campanha de levar Serra a Carpina, para onde o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) não iria, já que o prefeito Manoel Botafogo é um dos tucanos que trabalhou pela reeleição do governador Eduardo Campos (PSB).
“Espero discutir com a coordenação. Vamos ouvir quem trabalha. A vinda de Serra aqui tem que ser fator de agregação, não como querem alguns que gostam de desagregar. Não é só o PSDB que apoia Serra”, advertiu. O comentário foi feito após ser indagado sobre a concepção de alguns tucanos, nos bastidores, de que um evento com a presença de Jarbas poderia distanciar os prefeitos tucanos que votam em Serra, aliados de Eduardo Campos.
“Quem disser isso é um desrespeito. Respeitem a história de Jarbas. Ele foi levado à disputa com missão de abrir palanque para Serra. Tem gente que aumenta ou diminui a adesão à campanha pelos índices de pesquisas”, alfinetou.
Blog do Inaldo Sampaio: Eduardo reúne deputados da Frente Popular para pedir-lhes empenho na campanha de Dilma
Está marcado para as 12h30, desta segunda-feira, na churrascaria Sal e Brasa, na Avenida Recife, o almoço do governador Eduardo Campos com todos os deputados eleitos e não eleitos da Frente Popular.
O governador vai pedir o empenho de cada um em favor de Dilma, que está enfrentando uma eleição duríssima contra o tucano José Serra.
Vão estar presentes a este almoço os senadores eleitos Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB), o prefeito em exercício do Recife, Milton Coelho, e o coordenador regional da campanha de Dilma, João Paulo (PT).
G1: Marina Silva e PV anunciam posição de 'independência' no segundo turno
A senadora Marina Silva e Partido Verde anunciaram neste domingo posição de "independência" em relação à disputa do segundo turno da eleição presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
No primeiro turno, Marina, candidata a presidente pelo PV, obteve 19,6 milhões de votos, quase 20% dos votos válidos. O apoio dela e do PV era cobiçado por Dilma e por Serra, que enviaram cartas à senadora destacando afinidades entre pontos dos planos de governo.
Durante a reunião plenária do PV neste domingo em São Paulo que decidiu pela 'independência', Marina leu uma carta aberta a Dilma e Serra, em que afirma que essa é posição que melhor pode contribuir para o processo eleitoral.
"Quero afirmar que o fato de não ter optado por uma alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha. Creio mesmo que uma posição de independência, reafirmando ideías e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro", diz a carta lida pela candidata.
Em discurso, a ex-presidenciável fez críticas ao que chamou de uma "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB, comparada por ela às oposições entre MDB e Arena no regime militar e a republicanos e monarquistas no período imperial.
folha.com: PF apreende panfletos anti-Dilma encomendados por diocese de Guarulhos
A Polícia Federal apreendeu neste domingo cerca de 1 milhão de panfletos assinados por um braço da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) recomendando voto contra a presidenciável Dilma Rousseff (PT) por conta da questão do aborto.
A apreensão em uma gráfica no bairro do Cambuci, região sudeste da capital paulista, foi determinada pelo ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Henrique Neves a pedido do PT. O processo corre em segredo de justiça.
Os panfletos foram encomendados pela Mitra Diocesana de Guarulhos. Kelmon Luís Souza, católico ortodoxo, disse ontem que encomendou, desde setembro, 20 milhões de panfletos em gráficas de São Paulo a pedido da diocese.
Parte dos panfletos, que reproduz um "apelo a brasileiros e brasileiras" para que os eleitores não votem em quem é a favor da descriminalização do aborto, é assinado pela Regional Sul I da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), responsável pelo Estado de SP.
A gráfica com 1 milhão de panfletos foi descoberta ontem pelo PT de São Paulo. De acordo com o contador da gráfica Paulo Ogawa, foram encomendados 2,1 milhões de panfletos nos dois turnos das eleições.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Blog do Inaldo: Terceira pesquisa do 2º turno mostra Dilma ainda à frente, mas em queda
1) Foi divulgada em Brasília nesta quinta-feira a primeira pesquisa do 2º turno realizada pelo Instituto Sensus, por encomenda da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), sobre a eleição presidencial.
2) A exemplo das pesquisas do Vox Populi e do Datafolha, divulgadas ontem, ela também mostra Dilma em 1º lugar, porém em queda em relação à última pesquisa do 1º turno.
3) A candidata do PT aparece nesta pesquisa com 46,8% de intenções de voto, ante 42,7% de José Serra. Mas com uma particularidade: Dilma caiu em todas as regiões e Serra cresceu.
4) Dilma caiu no Sul de 40,7% para 36,3%, e Serra subiu de 45,5% para 56% (seu mais alto percentual até agora).
5) No Nordeste, a petista caiu de 66% para 60,7% e o tucano subiu de 24,5% para 32,1%.
6) No Sudeste, Dilma caiu de 52,1% para 43,3%,e Serra subiu de 36% para 44,7%.
7) No Norte-Centro Oeste, Dilma caiu de 48,9% para 40,7%, e Serra cresceu de 38,2% para 45,7%.
8) Se essa tendência de queda de um (Dilma) e subida do outro (Serra) for confirmada pelo Datafolha do próximo final de semana, já que os tucanos não acreditam no Instituto Sensus, a julgar pelo que disse dele no 1º turno o senador Sérgio Guerra, a petista está caminhando para a derrota, graças à sua ex-amiga Erenice Guerra.
9) A pesquisa foi realizada esta semana e a sua margem de erro é 2,2%.
10) No quesito “rejeição”, há empate técnico entre os dois candidatos: 37,5% dizem que não votam em Serra de jeito nenhum e 35,4% dizem a mesma coisa da candidata do PT.
2) A exemplo das pesquisas do Vox Populi e do Datafolha, divulgadas ontem, ela também mostra Dilma em 1º lugar, porém em queda em relação à última pesquisa do 1º turno.
3) A candidata do PT aparece nesta pesquisa com 46,8% de intenções de voto, ante 42,7% de José Serra. Mas com uma particularidade: Dilma caiu em todas as regiões e Serra cresceu.
4) Dilma caiu no Sul de 40,7% para 36,3%, e Serra subiu de 45,5% para 56% (seu mais alto percentual até agora).
5) No Nordeste, a petista caiu de 66% para 60,7% e o tucano subiu de 24,5% para 32,1%.
6) No Sudeste, Dilma caiu de 52,1% para 43,3%,e Serra subiu de 36% para 44,7%.
7) No Norte-Centro Oeste, Dilma caiu de 48,9% para 40,7%, e Serra cresceu de 38,2% para 45,7%.
8) Se essa tendência de queda de um (Dilma) e subida do outro (Serra) for confirmada pelo Datafolha do próximo final de semana, já que os tucanos não acreditam no Instituto Sensus, a julgar pelo que disse dele no 1º turno o senador Sérgio Guerra, a petista está caminhando para a derrota, graças à sua ex-amiga Erenice Guerra.
9) A pesquisa foi realizada esta semana e a sua margem de erro é 2,2%.
10) No quesito “rejeição”, há empate técnico entre os dois candidatos: 37,5% dizem que não votam em Serra de jeito nenhum e 35,4% dizem a mesma coisa da candidata do PT.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Os falsários - por Demétrio Magnoli
Carlos Augusto Montenegro, o presidente do Ibope, profetizou há muitos meses uma vitória folgada de José Serra no primeiro turno. A campanha não havia começado e o Ibope não tinha pesquisas relevantes. O Oráculo falou para bajular aquele que, presumia sua sabedoria política, seria o próximo presidente. Mais tarde, durante a campanha, de posse de inúmeras pesquisas, o Oráculo asseverou com a mesma convicção que Dilma Rousseff venceria no primeiro turno. A bajulação aos poderosos de turno obedece a uma lógica inflexível. Na mesma entrevista, ele sugeriu que a oposição atentava contra a democracia ao repercutir os escândalos no governo. Cada um fala o que quer, nos limites da lei, mas o Oráculo de araque não se limita a isso: ele vende um produto falsificado.
Pesquisas de opinião declaram uma margem de erro e um intervalo de confiança. A margem de erro expressa a variação admissível em relação aos resultados divulgados. O intervalo de confiança expressa a confiabilidade da pesquisa - ou seja, a probabilidade de que ela fique dentro da margem de erro. Na noite de 3 de outubro, o Ibope divulgou as pesquisas de boca de urna para a eleição nacional e para 16 Estados, registradas com margem de erro de 2% e intervalo de confiança de 99%. Das 17 pesquisas, 12 ficaram fora da margem de erro. O intervalo de confiança real é inferior a 30%. Um cenário similar, catastrófico, emerge das pesquisas para o Senado. Há tanta diferença assim entre isso e vender automóveis com defeitos nos freios?
O Ibope não está só. Datafolha, Sensus e Vox Populi não fizeram pesquisas de boca de urna, mas suas pesquisas imediatamente anteriores também não resistem ao cotejo com as apurações. Todos os grandes institutos brasileiros cometem um mesmo erro metodológico, bem conhecido pelos especialistas. Eles usam o sistema de amostragem por cotas, que tenta produzir uma miniatura do universo pesquisado. A amostra é montada com base em variáveis como sexo, idade, escolaridade e renda. Isso significa que a escolha dos indivíduos da amostra não é aleatória, oscilando ao sabor de variáveis arbitrárias e contrariando os princípios teóricos da amostragem estatística.
O Gallup aprendeu a lição depois de errar na previsão de triunfo de Thomas Dewey nas eleições americanas de 1948. Venceu Harry Truman e o instituto mudou sua metodologia, adotando um plano de amostragem probabilística, que gera amostras aleatórias. Quase meio século depois, os institutos britânicos finalmente renunciaram à amostragem por cotas. O copo entornou em 1992, quando as pesquisas baseadas na metodologia furada previram a vitória trabalhista, mas triunfou o conservador John Major. Na sequência, uma equipe de especialistas identificou o problema e apresentou a solução. Os institutos brasileiros conhecem toda essa história. Não mudam porque a metodologia atual é mais prática e barata. Vendem gato por lebre.
A amostragem por cotas não permite calcular a margem de erro. Os institutos "resolvem" a dificuldade chutando uma margem de erro, que exibem como fruto de cálculo rigoroso. Como as eleições brasileiras costumam ter nítidos favoritos, eles iludem deliberadamente a opinião pública, cantando acertos onde existem, sobretudo, equívocos. Não é um fenômeno novo. Jorge de Souza, no seu Pesquisa Eleitoral: Críticas e Técnicas (Editora do Senado, 1990), já registrava que 16 das 23 pesquisas Ibope referentes às eleições estaduais de 1986 se situaram fora da margem de erro - o mesmo desastroso intervalo de confiança, em torno de 30%, verificado neste 3 de outubro.
Nem todos os institutos são iguais. O Datafolha conserva notável isenção partidária, embora também utilize o indefensável sistema de amostragem por cotas. O Oráculo do Ibope anda ao redor dos poderosos, sem discriminar partidos ou candidatos, farejando oportunidades em todos os lados. Marcos Coimbra, seu congênere do Vox Populi, pratica uma subserviência mais intensa, porém serve apenas a um senhor. Durante toda a campanha, o Militante assinou panfletos políticos governistas fantasiados como análises técnicas de tendências eleitorais. Dia após dia, sem descanso, sugeriu a inevitabilidade do triunfo da candidata palaciana no primeiro turno. Sua pesquisa da véspera do primeiro turno, publicada com fanfarra por uma legião de blogueiros chapa-branca, cravou 53,4% dos votos válidos para Dilma Rousseff. Errou em 6,5 pontos porcentuais, quase três vezes a margem de erro proclamada, de 2,2%.
Pesquisas, obviamente, não decidem eleições. Mas elas têm um impacto que não é desprezível. Sob a influência dos humores cambiantes do eleitorado, supostamente captados com precisão decimal pelas pesquisas, consolidam-se ou se dissolvem alianças estaduais, aumentam ou diminuem as doações de campanha, emergem ou desaparecem argumentos utilizados na propaganda eleitoral, modifica-se a percepção pública sobre os candidatos. Os institutos comercializam um produto rotulado como informação. Se fosse leite, intoxicaria os consumidores. Sendo o que é, envenena a democracia.
Beto Richa, o governador eleito em primeiro turno no Paraná, obteve da Justiça Eleitoral a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais que não o favoreciam. A censura é intolerável, principalmente quando solicitada por alguém que se comprazia em dar publicidade a pesquisas anteriores, nas quais figurava à frente. Ele poderia ter usado o horário eleitoral para expor a incúria metodológica dos institutos e o lamentável papel desempenhado por alguns de seus responsáveis, como o Oráculo e o Militante. A opinião pública, ludibriada a cada eleição, encontra-se no limiar da saturação. Mais um pouco, aplaudirá o gesto oportunista de Richa e clamará pela censura. Que tal os institutos agirem antes disso, mesmo se tão depois do Gallup?
Ah, por sinal, qual é mesmo a taxa de aprovação do governo Lula?
Demétrio Magnoli é sociolólogo, Doutor em Geografia Humana pela USP
Pesquisas de opinião declaram uma margem de erro e um intervalo de confiança. A margem de erro expressa a variação admissível em relação aos resultados divulgados. O intervalo de confiança expressa a confiabilidade da pesquisa - ou seja, a probabilidade de que ela fique dentro da margem de erro. Na noite de 3 de outubro, o Ibope divulgou as pesquisas de boca de urna para a eleição nacional e para 16 Estados, registradas com margem de erro de 2% e intervalo de confiança de 99%. Das 17 pesquisas, 12 ficaram fora da margem de erro. O intervalo de confiança real é inferior a 30%. Um cenário similar, catastrófico, emerge das pesquisas para o Senado. Há tanta diferença assim entre isso e vender automóveis com defeitos nos freios?
O Ibope não está só. Datafolha, Sensus e Vox Populi não fizeram pesquisas de boca de urna, mas suas pesquisas imediatamente anteriores também não resistem ao cotejo com as apurações. Todos os grandes institutos brasileiros cometem um mesmo erro metodológico, bem conhecido pelos especialistas. Eles usam o sistema de amostragem por cotas, que tenta produzir uma miniatura do universo pesquisado. A amostra é montada com base em variáveis como sexo, idade, escolaridade e renda. Isso significa que a escolha dos indivíduos da amostra não é aleatória, oscilando ao sabor de variáveis arbitrárias e contrariando os princípios teóricos da amostragem estatística.
O Gallup aprendeu a lição depois de errar na previsão de triunfo de Thomas Dewey nas eleições americanas de 1948. Venceu Harry Truman e o instituto mudou sua metodologia, adotando um plano de amostragem probabilística, que gera amostras aleatórias. Quase meio século depois, os institutos britânicos finalmente renunciaram à amostragem por cotas. O copo entornou em 1992, quando as pesquisas baseadas na metodologia furada previram a vitória trabalhista, mas triunfou o conservador John Major. Na sequência, uma equipe de especialistas identificou o problema e apresentou a solução. Os institutos brasileiros conhecem toda essa história. Não mudam porque a metodologia atual é mais prática e barata. Vendem gato por lebre.
A amostragem por cotas não permite calcular a margem de erro. Os institutos "resolvem" a dificuldade chutando uma margem de erro, que exibem como fruto de cálculo rigoroso. Como as eleições brasileiras costumam ter nítidos favoritos, eles iludem deliberadamente a opinião pública, cantando acertos onde existem, sobretudo, equívocos. Não é um fenômeno novo. Jorge de Souza, no seu Pesquisa Eleitoral: Críticas e Técnicas (Editora do Senado, 1990), já registrava que 16 das 23 pesquisas Ibope referentes às eleições estaduais de 1986 se situaram fora da margem de erro - o mesmo desastroso intervalo de confiança, em torno de 30%, verificado neste 3 de outubro.
Nem todos os institutos são iguais. O Datafolha conserva notável isenção partidária, embora também utilize o indefensável sistema de amostragem por cotas. O Oráculo do Ibope anda ao redor dos poderosos, sem discriminar partidos ou candidatos, farejando oportunidades em todos os lados. Marcos Coimbra, seu congênere do Vox Populi, pratica uma subserviência mais intensa, porém serve apenas a um senhor. Durante toda a campanha, o Militante assinou panfletos políticos governistas fantasiados como análises técnicas de tendências eleitorais. Dia após dia, sem descanso, sugeriu a inevitabilidade do triunfo da candidata palaciana no primeiro turno. Sua pesquisa da véspera do primeiro turno, publicada com fanfarra por uma legião de blogueiros chapa-branca, cravou 53,4% dos votos válidos para Dilma Rousseff. Errou em 6,5 pontos porcentuais, quase três vezes a margem de erro proclamada, de 2,2%.
Pesquisas, obviamente, não decidem eleições. Mas elas têm um impacto que não é desprezível. Sob a influência dos humores cambiantes do eleitorado, supostamente captados com precisão decimal pelas pesquisas, consolidam-se ou se dissolvem alianças estaduais, aumentam ou diminuem as doações de campanha, emergem ou desaparecem argumentos utilizados na propaganda eleitoral, modifica-se a percepção pública sobre os candidatos. Os institutos comercializam um produto rotulado como informação. Se fosse leite, intoxicaria os consumidores. Sendo o que é, envenena a democracia.
Beto Richa, o governador eleito em primeiro turno no Paraná, obteve da Justiça Eleitoral a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais que não o favoreciam. A censura é intolerável, principalmente quando solicitada por alguém que se comprazia em dar publicidade a pesquisas anteriores, nas quais figurava à frente. Ele poderia ter usado o horário eleitoral para expor a incúria metodológica dos institutos e o lamentável papel desempenhado por alguns de seus responsáveis, como o Oráculo e o Militante. A opinião pública, ludibriada a cada eleição, encontra-se no limiar da saturação. Mais um pouco, aplaudirá o gesto oportunista de Richa e clamará pela censura. Que tal os institutos agirem antes disso, mesmo se tão depois do Gallup?
Ah, por sinal, qual é mesmo a taxa de aprovação do governo Lula?
Demétrio Magnoli é sociolólogo, Doutor em Geografia Humana pela USP
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